Helicópteros da ONU atacaram forças do Presidente cessante da Costa do Marfim
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DATA: 2011-04-05
SUMÁRIO: Helicópteros da Missão das Nações Unidas na Costa do Marfim (ONUCI) e da força francesa no país atacaram em Abidjan posições das forças do Presidente cessante, Laurent Gbagbo, que não aceita a derrota eleitoral e recusa deixar o cargo. O palácio presidencial, a residência do chefe de Estado, e os campos militares de Akouédo e Agban foram os alvos.
TEXTO: “Lançámos a operação para proteger as populações, inutilizando as armas pesadas usadas pelas forças especiais de Laurent Gbagbo contra as populações e contra os capacetes azuis da ONU”, disse à AFP Hamadoun Touré, porta-voz da ONUCI. A acção foi desencadeada nos termos do mandato e da resolução 1975 aprovada na semana passada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, acrescentou o porta-voz. Um comunicado divulgado em Paris pela Presidência francesa indica que “o secretário-geral das Nações Unidas pediu o auxílio das forças francesas” para as acções. Numa carta a que a AFP teve a acesso, enviada no domingo ao chefe de Estado, Nicolas Sarkozy, Ban Ki-moon faz um pedido “urgente” de ajuda. A primeira reacção do campo de Gbago partiu de um conselheiro em Paris, Toussaint Alain, segundo o qual os ataques foram “actos ilegais” e uma “tentativa de assassinato”. A ONUCI tem cerca de dez mil efectivos na Costa do Marfim, entre capacetes azuis e polícias, e a França quase duplicou o seu contingente desde o final da semana passada, aumentando-o de 900 para 1650 homens. O número de franceses residentes no país é superior a 12 mil, 7300 dos quais com dupla nacionalidade. No domingo 170 estrangeiros partiram para Lomé (Togo) e Dacar (Senegal) e na segunda-feira 250 seguiram o seu exemplo. O ataque da ONUCI ocorreu segunda-feira à tarde, pouco depois de as forças que apoiam Alassane Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional como vencedor das presidenciais de Novembro, terem anunciado uma nova ofensiva contra os bastiões do Presidente cessante. Uma testemunha disse à Reuters que viu dezenas de veículos com homens fortemente armados entrarem na cidade por volta do meio-dia. O palácio e a residência, juntamente com a televisão estatal, têm sido os redutos da resistência de Gbagbo ao avanço dos antigos rebeldes do Norte, apoiantes de Ouattara. “Pode demorar 48 horas a limpar” a cidade, afirmou à Reuters Issiaka Wattao Ouattara, comandante das forças que entraram em Abidjan, cidade dominada pelo medo, onde desde quinta-feira à noite os apoiantes do Presidente eleito tentam desalojar Gbagbo, cujas tropas de elite têm oposto uma inesperada resistência, por contraste com a facilidade com que, na última semana, os ex-rebeldes tomaram conta da quase totalidade do país. Pouco antes dos ataques da ONUCI, o ministério francês dos Negócios Estrangeiros informou que quatro a cinco pessoas, duas das quais francesas, tinham sido raptadas por “homens armados” no hotel Novotel. Mais de 1500 pessoas morreram desde que, no início de Dezembro, eclodiu a violência pós-eleitoral, que nos últimos dias se traduziu num regresso da guerra civil de 2002-2003. No final da semana passada foram conhecidos massacres em grande escala em Duékoué, no Oeste, onde morreram centenas de pessoas – 800, segundo a Cruz Vermelha, 330 de acordo com as Nações Unidas.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU