Gbagbo recusa aceitar derrota e atrasa paz na Costa do Marfim
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-04-06
SUMÁRIO: O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé, chegou a dizer, a meio da tarde desta terça-feira, que o seu país estava “a dois dedos” de convencer o Presidente cessante da Costa do Marfim a deixar o poder. Mas quando se esperava o anúncio da sua queda, Laurent Gbagbo, debilitado militar e politicamente, insistiu na posição que mantém há quatro meses e afirmou que não reconhece o triunfo do seu rival, Alassane Ouattara, nas eleições presidenciais de Novembro, uma exigência da ONU e da França.
TEXTO: “Não reconheço a vitória de Ouattara. Porque querem que assine isso?”, declarou Gbagbo à televisão francesa LCI a partir de Abidjan. “Que nos sentemos e discutamos, mas não queremos sentar-nos, quando temos [apoio] de forças armadas estrangeiras”, acrescentou. “A questão de fundo permanece. A eleição de 28 de Novembro, quem a ganhou, quem a perdeu? Vamos ver como se discute, mas ele não ganhou”, insistiu. Pouco antes, o ponto final na sangrenta crise pós-eleitoral dos últimos quatro meses, que já provocou mais de 1500 mortos, parecia iminente. “Estamos à beira de o convencer a deixar o poder”, afirmou durante a tarde a deputados franceses Alain Juppé. Os termos da rendição de Gbagbo estavam a ser negociados pelo Presidente cessante e colaboradores próximos, pelo representante do secretário-geral das Nações Unidas na Costa do Marfim, Choi Young-Jin, e pelo embaixador francês em Abidjan, depois de um pedido de cessar-fogo do seu chefe de Estado-Maior. As negociações começaram depois de Laurent Gabgbo, Presidente desde 2000, ter ficado ontem, segundo a Missão das Nações Unidas na Costa do Marfim (ONUCI), “entricheirado” com um “punhado de fiéis” num bunker, no subsolo da sua residência em Abidjan, para onde convergiram as forças de Ouattara, que, a partir do Norte do país, desencadearam na última semana uma ofensiva para o afastar do poder que trouxe de volta a guerra civil de 2002-2003 e as levou a ocupar quase todo o país. Os combates dos últimos dias na capital económica da Costa do Marfim, onde as forças do Presidente cessante resistiram desde quinta-feira, fizeram “dezenas de mortos”, principalmente vítimas de armas pesadas, segundo as Nações Unidas. Testemunhas disseram à Reuters ter visto ontem na zona Norte de Abidjan corpos crivados de balas junto à estrada, próximo de um bairro favorável a Gbagbo, contra cujas forças os apoiantes de Ouattara lançaram anteontem um “assalto final”. O iminente colapso do regime foi acelerado pelo ataque que, na tarde do mesmo dia, helicópteros da ONUCI e da Licorne, força francesa no país, fizeram contra armas pesadas e blindados posicionados nos últimos redutos das forças de Gbagbo: o palácio presidencial, a sua residência e os aquartelamentos de Agban e Akouédo. “Só tiros esporádicos”Ao fim da manhã desta terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Gbagbo, Alcide Djédjé, deslocou-se a casa do embaixador francês, próxima da de Gbagbo. As primeiras informações indicavam que fora procurar refúgio, face ao avanço das forças de Ouattara. Mais tarde soube-se que fora negociar “a pedido” do Presidente cessante. O general Philippe Mangou, chefe de Estado Maior do regime, disse pouco depois à AFP ter “parado os combates” e pedido um cessar-fogo ao comandante da ONUCI. As armas calaram-se e o silêncio que caiu sobre a cidade só foi interrompido durante a tarde por “tiros esporádicos de grupos de jovens”, segundo a ONUCI. Apesar da inflexibilidade demonstrada na sua declaração de ontem à noite, a “capacidade de negociação” de Gbagbo é agora “muito mais fraca do que há um par de semanas”, dizia ontem à Reuters Hannah Koep, investigadora sobre a Costa do Marfim na consultora Control Risks, com sede em Londres. O Presidente norte-americano, Barack Obama, deu o seu apoio à acção militar internacional e voltou a apelar a Gbagbo para deixar imediatamente o poder e ordenar aos seus combatentes para deporem as armas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra ataque assalto marfim