Obama e republicanos ainda não se entenderam quanto ao Orçamento
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-04-08
SUMÁRIO: Não houve fumo branco. A reunião de ontem à noite entre o Presidente norte-americano e os negociadores da maioria republicana da Câmara de Representantes e da bancada democrata do Senado não produziu um entendimento para a aprovação do orçamento. Caso não haja acordo hoje, o governo federal enfrentará um “shutdown” (paralisia).
TEXTO: Na pior das hipóteses, o Governo dos Estados Unidos corre o risco de paralisar, a partir das zero horas de amanhã, se republicanos e democratas no Congresso falharem hoje, in extremis, um entendimento para a aprovação do orçamento para o financiamento da actividade federal até ao fim do corrente ano fiscal, a 30 de Setembro. Ontem à noite, à saída da reunião - que demorou cerca de 90 minutos -, Obama disse abreviadamente aos repórteres que as diferenças entre ambas as partes se mantêm, acrescentando: “Ainda não estou preparado para expressar o meu desenfreado optimismo”. Por seu lado, igualmente à saída da reunião, o republicano John A. Boehner (Ohio) e o líder dos democratas no Senado, Harry M. Reid (Nevada), declararam o seguinte: “Já conseguimos limitar os assuntos em discussão, mas ainda não chegámos a um entendimento”, escreve o “The Washington Post”. Em causa estão milhares de milhões de dólares em cortes na despesa do Governo federal. Ao mesmo tempo que tenta forçar o compromisso de última hora entre os dois partidos do Congresso, a Administração Obama já deu instruções aos dirigentes dos vários departamentos governamentais para montarem planos de contingência preparando-se para o “shutdown” (paralisia). Nesse caso, todos os serviços considerados essenciais, dos polícias aos controladores do tráfico aéreo, mantêm-se em actividade, mas tudo o resto fecha – os museus e parques naturais, as finanças, os correios e até os serviços do Congresso. Milhares de funcionários públicos ficam em casa sem pagamento, e os fornecedores do Estado também não recebem. Os militares no teatro de guerra não param, mas os seus salários só serão pagos quando o orçamento for finalmente aprovado. A situação não é inédita, mas já não acontecia desde 1996, quando Bill Clinton era o Presidente. Agora como então, a intransigência é da maioria republicana, que se recusa absolutamente a aceitar financiar a actividade do Estado sem cortes extraordinários de 40 mil milhões de dólares nas despesas do Governo. Para os conservadores, trata-se de uma questão ideológica: eles acusam a Administração Obama de “esticar” demasiado o papel do Estado, e além disso alegam que a diminuição da despesa federal ajudará a fomentar o emprego. E a coberto da necessidade de cortar programas para reduzir o défice orçamental, procedem a uma série de “ajustes de contas” também de âmbito ideológico – exigindo, por exemplo, acabar com o financiamento da estação de rádio pública NPR, que acusam de ter um pendor liberal, o trabalho das organizações de planeamento familiar, que apoiam mulheres que queiram abortar, ou as actividades da Agência de Protecção Ambiental, por duvidarem do aquecimento global. Os democratas, que controlam o Senado e por isso têm poder para inviabilizar as propostas dos republicanos, já cederam consideravelmente, acomodando uma diminuição até 40 mil milhões de dólares na despesa federal até Setembro – o maior corte “dollar-to-dollar” alguma vez proposto –, mais 7 mil milhões do que a sua proposta de 33 mil milhões de dólares. O que, como notava Michael Gerson no “The Washington Post”, “seria um compromisso normalmente considerado como um notável sucesso, mas que uma parte da fileira republicana não aceita, preferindo um confronto que pode resultar na paralisia do Governo”. A maioria republicana está refém dos votos dos novos membros afiliados ao Tea Party, que exigem que os cortes ascendam aos 61 mil milhões de dólares. Esse é um montante que os democratas dizem ser inaceitável. Uma redução brusca da despesa põe seriamente em causa a recuperação da economia norte-americana, que lentamente está a reerguer-se da recessão.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra mulheres