Alentejo segue na dianteira para eleição das “7 maravilhas da Gastronomia”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-04-09
SUMÁRIO: Sua Excelência a Gastronomia Portuguesa apresentou-se hoje no Palácio Nacional de Queluz. Foram 70 receitas, entre entradas, sopas, peixes, mariscos, carnes, caça e doces, que se apresentaram formalmente para disputarem entre si uma das 21 vagas do concurso “7 Maravilhas da Gastronomia”, o qual terá o seu epílogo em Setembro. Dentro de um mês se saberá quais as iguarias, representativas de todo o país, serão seleccionadas para o passo seguinte da prova.
TEXTO: Olhar, cheirar, sentir, saborear e até ouvir a panóplia de pratos apresentados não é apenas uma imensa festa dos sentidos proporcionada pela gastronomia tradicional (ou quase, porque na lista ontem divulgada também surgem produtos locais e regionais). É também mergulhar num vasto leque que abrange áreas tão vastas como a preservação do património, a saúde e até o ambiente. A ideia de que a gastronomia é apenas um pretexto para reunir em torno de uma mesa um conjunto de pançudos cujo único objectivo é atulharem-se de carniça e vinhaça há muito que não colhe, conforme salientou Madalena Carrito, presidente das Confrarias Gastronómicas. Comer e divulgar os pratos nacionais é uma forma de promover a cultura, de aproximar as pessoas e os locais. E como é que isso se faz? Com uma canja de borrego, por exemplo. Este prato, típico da Beira Interior, pode bem ser um chamariz para atrair aos restaurantes da região os turistas suficientes para gerarem negócios, dinheiro, postos de trabalho. Mais importante do que tentar (embora mentalmente) saborear cada um dos 70 pratos apresentados em Queluz, é dizer que quando se iniciou o concurso, a 7 de Fevereiro deste ano, apareceram nada mais nada menos do que 433 candidaturas vindas de todo o país. Das migas à sericaiaUma primeira triagem, feita por especialistas gastronómicos e pessoas ligadas ao sector da restauração e turismo, reduziu o leque para os 70 pratos agora divulgados. Com algumas surpresas (hoje houve quem perguntasse pelo arroz doce e pelo leite creme), surgiu a região do Alentejo como a mais representada. Rica em aromas (longe vão os tempos em que, por necessidade, as ervas de cheiro aguçaram o engenho dos trabalhadores agrícolas para enganarem a fome), a gastronomia alentejana aparece com 12 candidaturas nesta fase da prova. Tem duas presenças (pezinhos de coentrada e presunto de Barrancos) entre o leque das dez entradas, três nas sopas (açorda à alentejana, gaspacho com carapaus fritos e sopa de cação), uma nos pratos de peixe (açorda de bacalhau), uma nas carnes (migas alentejanas), duas na caça (arroz de pombo bravo com hortelã e empada de coelho bravo com arroz de pinhão e passas) e mais três nos doces (encharcada do Convento de Santa Clara, pão de rala e sericaia). De facto, o Alentejo só não aparece representado nos mariscos, apesar de ter uma área costeira maior do que qualquer outra região do país. A segunda região mais representada nesta fase do concurso é a de Lisboa e Setúbal, com nove pratos. Deliciem-se então os leitores ao imaginarem que podem começar a saborear uns pastéis de bacalhau, que podem depois optar por outro prato onde o fiel amigo impera (o bacalhau à Braz) ou por uma açorda de sável ou, ainda, por uma boa travessa de sardinhas assadas. Para os mariscos, lisboetas e setubalenses apresentam como trunfos uma mariscada de Sesimbra e ostras do Sado. O repasto já vai longo, mas o apetite é de lobo e assim, passando às carnes, não há como fugir ao obrigatório cozido à portuguesa. Numa região onde impera o cimento (apesar de haver muita caça na região saloia e Oeste) não surge qualquer prato de animais abatidos a tiro, pelo que a solução é fechar a refeição com os afamados pastéis de BelémCozido das furnas impõe-seAçores, Madeira, Trás-os-Montes e Alto Douro e Beira Litoral surgem, cada qual, com oito suculentas propostas.
REFERÊNCIAS: