Presidente eleito da Costa do Marfim apela à contenção e fim da violência
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DATA: 2011-04-12
SUMÁRIO: O Presidente eleito da Costa do Marfim Alassane Ouattara instou todos os cidadãos a “absterem-se de vinganças e violência”, tendo o país “virado uma página de muita dor na sua história”, após a detenção ontem à tarde do chefe de Estado cessante, Laurent Gbagbo, que se recusava a entregar o poder.
TEXTO: “Depois de mais de quatro meses de crise pós-eleitoral, marcados pela perda de tantas vidas, estamos finalmente no início de uma nova era de esperança”, afirmou num discurso transmitido ainda ontem à noite pelo canal de televisão TCI. Ouattara, reconhecido pelas Nações Unidas como vencedor das eleições presidenciais de Novembro passado, prometeu criar uma Comissão de Verdade e Reconciliação para investigar as acusações de atrocidades e violações dos direitos humanos cometidos por ambas as facções durante este conflito que se estima ter causado mais de mil mortos e a fuga e deslocação de um milhão de pessoas. “Apelo a todos os meus compatriotas, que se sentem movidos por desejos de vingança, que se abstenham de represálias e de actos de violência”, prosseguiu, instando igualmente a todos quantos tomaram as armas para as deporem. “Todos estes jovens que se tornaram em milícias têm que entender que a luta deixou hoje de ter sentido. E por isso vos peço que entreguem as armas”. O Presidente eleito prometeu ainda um “julgamento justo” de Laurent Gbagbo, assim como da mulher deste, Simone, e do seu grupo de “colaboradores”. “A segurança física pessoal de Gbagbo e da sua família serão garantidas”, sublinhou ainda. Ecoando os apelos de Ouattara, também Gbagbo apareceu ontem na televisão – já após ter sido detido, na sua residência em Abidjan, por forças leais ao seu rival, com o apoio de capacetes azuis da ONU e tropas francesas – instando ao fim dos combates e manifestando o desejo de que “a vida possa em breve voltar ao normal”. Responsáveis das Nações Unidas revelaram que Gbagbo seria transferido ainda ontem do Hotel Golfo, quartel-general da facção de Ouattara em Abidjan, para onde fora levado logo após a sua rendição, para um “local seguro no norte” do país. Ao longo do dia de ontem, o comandante das forças armadas do Presidente cessante anunciou ao chefe da missão da ONU na Costa do Marfim que estava pronto a entregar as armas e fonte militar francesa avançou que mais de 200 membros da Guarda Republicana (fiel a Gbagbo) se tinham igualmente rendido. Com o afastamento final de Gbagbo do poder, Ouattara pode finalmente assumir o seu mandato presidencial. Mas tal não significa o fim da crise, uma vez que o país sofre de profundas e antigas divisões étnicas, anos de estagnação económica e um agravamento da situação humanitária. O objectivo de Ouattara em unificar o país e relançar a sua economia (a maior produtora de cacau do mundo) é ameaçado ainda pelas alegações de que também a sua facção armada cometeu massacres e violações dos direitos humanos desde o início da chamada batalha por Abidjan, principal cidade e capital económica do país. Embora o campo do Presidente eleito negue estas acusações, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch denuncia que as forças leais a Ouattara mataram centenas de civis, violaram mais de 20 mulheres e raparigas supostamente pertencentes à facção do rival Gbagbo e queimaram pelo menos dez aldeias na região ocidental da Costa do Marfim.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU