Portugal é dos países onde as mulheres mais trabalham em casa
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.5
DATA: 2011-04-12
SUMÁRIO: Portugal é um dos países onde há mais diferenças de género no que toca à divisão das tarefas domésticas. Em 29 países analisados, Portugal surge como o quarto onde a diferença entre mulheres e homens é maior, no que respeita a trabalho não pago.
TEXTO: São elas quem mais o faz. Só na Índia, no México e na Turquia é que esta diferença é maior, segundo o estudo revelado hoje pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), "Society at a Glance 2011". E, se juntarmos o trabalho pago e não pago, então Portugal é o segundo país, a seguir à Índia, onde a disparidade é maior entre homens e mulheres, sendo sempre elas quem trabalha mais. A análise inclui pessoas dos 15 aos 64 anos de 26 países da OCDE e, ainda, da China, Índia e África do Sul. Em Portugal, existe uma diferença de 232 minutos por dia, o que significa que as mulheres passam quase quatro horas mais do que os homens em trabalho não pago. Os homens gastam, por dia, pouco mais do que uma hora e meia. O trabalho não pago inclui o doméstico, como cozinhar, limpar e jardinagem, tratar de crianças e de outros membros ou não da família, o voluntariado e ir às compras. O que o distingue do lazer é o facto de poder ser feito por uma terceira pessoa paga para o efeito. As actividades, como jogar ténis ou ver um filme, que não podem ser feitas por uma pessoa paga, são consideradas lazer. Em todos os países as mulheres fazem mais trabalho não pago do que os homens. Nos nórdicos a diferença é pouco mais de uma hora, mas a média ronda as 2, 5 horas por dia. Os países com a maior diferença são aqueles em que os homens dedicam relativamente pouco tempo a trabalho não pago: menos do que uma hora na Coreia, Índia, e Japão; 1, 5 horas na África do Sul e menos de duas horas na Turquia, Itália, México, Portugal e Espanha. A quantidade de tempo gasto pelos homens em trabalho não pago nem sempre é compensada pela grande quantidade de tempo gasto pelas mulheres. Na China, por exemplo, tanto homens como mulheres despendem muito pouco tempo em trabalho não pago. Na Austrália, por outro lado, os dois sexos estão no topo do trabalho não pago. Os autores do estudo consideram positivo que, à medida que as mulheres vão sendo cada vez mais activas no mercado de trabalho pago, exista uma transferência do trabalho não pago para os homens. Ou seja, que quanto maior for a taxa de emprego das mulheres, mais repartida será a divisão do trabalho não pago. Mas, mesmo na Noruega, país onde há maior equilíbrio neste campo, são as mulheres quem mais dedica tempo ao trabalho não pago. O mesmo vale para a Dinamarca, o país onde os homens passam mais tempo a fazer trabalho não pago. Há, porém, países em que as mulheres fazem mais trabalho não pago mas menos pago. Os part-time são comuns na Austrália, Alemanha, Japão, Holanda e Reino Unido, onde mais de 40 por cento das mulheres trabalham desta forma. Em países com uma relativa falta de oportunidades para trabalho em part-time , particularmente no sul da Europa, as crianças são um factor importante para as mulheres saírem do mercado de trabalho, consideram os autores do estudo. Estes países são também aqueles em que as mulheres trabalham muito mais horas no total. Portugal é o segundo país, a seguir à Índia, onde a diferença entre homens e mulheres no que toca ao total de trabalho (pago e não pago) é maior – cerca de hora e meia. Os dados dizem respeito a 1999, em que a taxa de emprego das mulheres era 52 por cento. Portugal trabalha mais horas do que a médiaEm média, e já juntando homens e mulheres, nos 29 países analisados, 3, 4 horas são passadas em trabalho não pago - 14 por cento do dia. Os mexicanos são quem passa mais tempo em trabalho não pago, cerca de 4, 5 horas por dia – o dobro do Japão, Coreia e China. Em todos os países, os cuidados pessoais, como comer e dormir, ocupam a maior fatia de tempo, uma média de 46 por cento num dia. O resto é ocupado em lazer (20 por cento), trabalho ou estudo (19 por cento) e menos de um por cento vai para religião e outros usos do tempo não especificados.
REFERÊNCIAS:
Entidades OCDE