Do kitsch ao prático: os souvenirs do casamento real
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-04-26
SUMÁRIO: De cada vez que é anunciado um casamento real, no dia seguinte há canecas, tapetes de rato, pratos, t-shirts, talheres, forras de almofadas e ímans para o frigorífico empilhados nas prateleiras das lojas turísticas por essa Europa fora.
TEXTO: As canecas são um dos artigos mais vendidos durante a “febre” pré-boda. Há qualquer coisa de apelativo-kitsch em beber um café com leite a partir de cerâmica estampada com as caras da realeza. Mas este casamento já produziu pelo menos dois modelos originais de canecas: um primeiro, made in China, cujos produtores não acertaram com a fotografia do noivo. Provavelmente pouco habituados às linhagens europeias, os chineses trocaram a imagem de William pela do seu irmão, Harry. O modelo entrou automaticamente para o anedotário internacional dos media. Num segundo modelo sui generis que foi posto à venda pode ler-se qualquer coisa como “Estou-me nas tintas para o Casamento Real”. No fundo da caneca, a mensagem sai reforçada com um “Desculpem mas. . . Só estamos a ser honestos”. Esta caneca foi idealizada por uma designer de Staffordshire, Camila Prada, que declara que este tipo de seguidismo em torno do casamento real é quase “degradante”. Há, aliás, todo um friso da sociedade britânica que tenta a todo o custo escapar a esta avalancha mediática. São os refuseniks, indica a BBC, que distingue entre aqueles que simplesmente têm mais que fazer que assistir ao enlace entre dois estranhos e os que, sendo republicanos, se opõem à monarquia e a tudo o que ela representa ou celebra. Outros souvenirs menos ortodoxos incluem um verniz de unhas “Waity Katie” - o nome dado à futura princesa que durante anos esperou pelo pedido de casamento - e sacos para vómito [como os que existem nos aviões] para todas as mulheres que se sintam mal por não se casarem com o solteiro mais desejado a norte do Cacém. Ou para todos aqueles a quem a boda real dá a volta ao estômago. Os sacos - que estão a ser vendidos da Nova Zelândia ao Canadá - têm a imagem dos noivos estampada a duas cores, junto a um slogan apropriado: “throne up”. E depois há os preservativos com as caras dos noivos e frases do tipo: “Relaxa e pensa em Inglaterra” e “Tal como um casamento real, ter relações com o ser amado é uma ocasião inesquecível”. Muito apropriadamente, os preservativos dão pelo nome de “Crown Jewels”. Antes de os súbditos experimentarem os preservativos reais, aconselha-se talvez a cerveja “Kiss Me Kate”, criada por uma cervejeira de Nottinghamshire. E se no final de tudo isto ficar com amargos de boca, nada melhor que comprar o conjunto dispensador de pastilhas “Pez” William e Kate. Mas tirando estas bizarrias cómicas, o negócio da memorabilia casamenteira é um caso sério. Muito sério. Há milhões em jogo. Os souvenirs oficiais foram postos à venda em Dezembro, depois de o príncipe William ter aprovado três artigos - uma caneca, um prato e uma caixa para comprimidos - com as iniciais enlaçadas dos noivos, o emblema real do príncipe e a data do casamento - 29 de Abril de 2011. Mas os artigos que não levam o selo da casa real britânica têm feito tanto ou mais sucesso que os que o levam e estão à venda praticamente desde o anúncio do enlace. E normalmente são muito mais baratos. Toda a gente quer um pedaço do bolo. Não do bolo de noiva - esse será servido a um grupo muito restrito de pessoas em todo o mundo - mas sim do bolo financeiro que um evento deste género consegue gerar. E este fenómeno não se restringe ao Reino Unido. Das fábricas chinesas até aos lugares mais remotos da Commonwealth, este enlace está a trazer proventos a todos aqueles que queiram desenhar, criar, construir ou cozinhar alguma coisa que leve os nomes William e Kate. Mesmo online esta boda é um sucesso. O eBay está a vender réplicas do anel de noivado de Kate (que pertencia originalmente a Diana de Gales) por cerca de 20 dólares a unidade. Escusado será dizer que as pedras destes sucedâneos são pouco preciosas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave género mulheres princesa casamento