Dois mil milhões esperados para ver o primeiro casamento real da era da Internet
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.075
DATA: 2011-04-28
SUMÁRIO: Terão sido mais do que 750 milhões os espectadores que assistiram ao casamento de Carlos e Diana em 1981. Mas as estimativas do Governo e das emissoras sobre quantos espectadores vão seguir o casamento do filho mais velho de Carlos e Diana, William, com Kate Middleton, não deve chegar aos 2,5 mil milhões que assistiram ao funeral de Diana, em 1997. Estima-se uma cerimónia para dois mil milhões. Mas atenção. O facto de se falar do primeiro casamento real da era 2.0, com transmissão garantida no You Tube, pode trazer surpresas, advertem.
TEXTO: Para os estudiosos dos maiores acontecimentos mediáticos mundiais, que têm na coroação da avó de William, Isabel II, em 1957, e no casamento do pai do príncipe, Carlos, em 1981, os expoentes máximos, o casamento de dia 29 de William e Kate é o vértice que faltava de um triângulo. A popularidade invencível da casa real britânica e a tónica mediática própria das grandes cerimónias que são os casamentos reais, prometem um fenómeno digno de estudo, na área dos media, que ocupará decerto muita gente para os próximos anos. Com um factor acrescido: este é o primeiro casamento da casa real britânica na era da Internet, um acontecimento mediático 2. 0, com direito a transmissão nos canais oficiais da casa real no You Tube, Twitter, Flickr, Facebook, blogues e tudo a que a nova era dos media dá direito. Por isso os especialistas das estações emissoras, que esperam uma audiência de dois mil milhões de espectadores no mundo, aceitam o facto de na sexta-feira serem surpreendidos pelos números. Quaisquer que sejam esses números, Helder Bastos, professor do departamento de jornalismo e ciências da comunicação da Universidade do Porto, não têm dúvidas: “Vêm aí tempos interessantes para as Ciências da Comunicação”. “Este acontecimento será, com certeza, alvo de muitos estudos e teorizações. E contém, de facto, muitos ingredientes que o podem tornar um ‘case-study’ sem precedentes. Do meu ponto de vista, será muito importante, por um lado, o estudo do modo como o acontecimento foi vivido no ciberespaço e, por outro lado, as dinâmicas estabelecidas entre os media tradicionais e os media online. Além disso, será interessante ver as conclusões dos estudos que se propuserem analisar o comportamento das "velhas" e "novas" audiências e, mais ainda, as zonas de intersecção entre elas”, refere o investigador sobre a atenção que esta área vai depositar no fenómeno. Helder Bastos lembra que, apesar de o mundo viver em pleno paradigma da era da Internet, muitos ainda não têm acesso a este modo de consumir media. Ou ignoram-no. Por isso a televisão será ainda o principal meio de visionamento. Para muitos milhões de pessoas em todo o mundo, que não têm acesso à Internet, o acontecimento será recebido em moldes idênticos ao casamento da princesa Diana, à morte de Michael Jackson e outros eventos de grande impacto global. A televisão continuará a ser, para esses milhões, o medium principal, por natureza passivo, de acesso”. Mas para os adeptos da Web 2. 0 o acontecimento será vivido de um modo mais interactivo, explica: “Na Web, um acontecimento desta natureza será com certeza sujeito aos paradigmas da chamada Web 2. 0: será lido, ouvido e visionado de diversas formas e em diferentes plataformas (destaque para as redes sociais), acelerado, decomposto, fragmentado, comentado, personalizado, partilhado, classificado (rankings), arquivado e etiquetado. ”E o especialista não acredita que a força do acontecimento mediático se dissipe com os novos media. Pelo contrário, prevê que se amplifique: “Não é de crer que o acontecimento mediático morra, em termos de impacto global e alcance, às mãos da Web 2. 0. Creio que, pelo contrário, a rede tenderá a ajudar na amplificação do acontecimento. Os estrategos de comunicação da Casa Real Britânica parecem ter percebido o potencial de amplificação da Web neste tipo de acontecimentos e preparam-se para "atacar" em todas as frentes: YouTube, Twitter, Facebook, blogues, etc”. Para a cobertura do casamento real estão já acreditados cerca de oito mil jornalistas para cobrir o evento e as emissoras internacionais estão a fazer um investimento decisivo para esta transmissão. A cadeia oficial da transmissão, a britânica BBC, terá 850 jornalistas e técnicos no terreno. E só dentro da Abadia de Westminster, onde se vai realizar o casamento, vai ter 20 câmaras.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte estudo princesa casamento