Música, cerveja e charros em Lisboa pela legalização da marijuana
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-05-08
SUMÁRIO: Com a ajuda de muita música, muita cerveja e muitos charros, cerca de mil pessoas, na sua maioria jovens, manifestaram-se esta tarde em Lisboa pela legalização da “cannabis”.
TEXTO: A encabeçar o desfile, que desceu do jardim das Amoreiras, perto do Rato, até ao Largo do Camões, no Chiado, uma faixa com mote para este ano: “Contra a crise legalize”. Os organizadores portugueses da Marcha Global da Marijuana, que hoje decorreu em mais de 300 cidades do mundo, sustentam que, através da cobrança de impostos, a legalização da marijuana traria uma fonte de receita adicional para o Estado, particularmente útil nestes tempos de crise. Permitira também criar postos de trabalhos, acrescentam. Amanda, que chegou do Brasil há cerca de um ano, acrescenta outras razões: “A legalização ajuda a desestruturar o crime organizado e o tráfico, para além de que poderá assegurar um maior controlo de qualidade. É também uma questão de saúde pública”. Já lá vão duas horas desde o momento da concentração, no jardim das Amoreiras, e a banda Farra Fanfarra continua imparável. Trombone, saxofones, tambores, numa mistura de sons dos Balcãs às Caraíbas. Em volta é tempo de alegria. Há quem dance, há quem cante, acompanhando os músicos. “Stand up for your rights”. Bob Marley é uma referência incontornável para estes jovens com rastas e cores da Jamaica. Neste desfile, os jovens do sexo masculino – calções e ténis – estão em franca maioria. Pedro e Vera levaram as filhas e as sobrinhas, quatro meninas entre os dois e os quatro anos: “Estamos aqui para que elas possam ter, mais tarde, o direito de escolher, para que não vão experimentar só porque é proibido. Porque já se sabe que o fruto proibido é o mais apetecido, sobretudo para os mais novos”. Chegou a vez do México. Megafone na mão, um dos membros da banda dá o tom, logo repetido por muitos: “La cucaracha, la cucarachya/Ya no puede caminar/ Porque no tine, porque le falta/ Marihuana pa’fumar”. André tem mais um argumento: “Não faz mal, é só uma planta”. Entre os manifestantes, sobretudo os mais novos, já há quem não consiga quase abrir os olhos. “Legal, legal, como a imperial”, gritam alguns. “Abaixo a hipocrisia, legalizem a maria”, acrescentam outros um pouco mais tarde. Continua a enrolar-se charros e a passar garrafas. A abrir e a fechar a manifestação estão carros da polícia e há agentes a acompanhar o desfile. Uma coabitação pacífica só possível devido à descriminalização do consumo de drogas, decretada há 10 anos. Em Portugal, para além do desfile de Lisboa – o primeiro realizou-se há cinco anos -, que arrancou às 15 horas e se prolongou quase até ao fim da tarde, também se realizaram manifestações no Porto, Coimbra, Braga e Leiria. Depois das eleições de 5 de Junho, os organizadores já têm uma meta: entregar no novo parlamento um abaixo-assinado em prol da legalização, que já conta com cinco mil assinaturas.
REFERÊNCIAS: