NATO nega ter deixado morrer migrantes no Mediterrâneo
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-05-09
SUMÁRIO: A NATO desmentiu “categoricamente” a acusação, feita pelo jornal britânico "The Guardian", de ter deixxado morrer de 61 migrantes africanos, que foram deixados à sua sorte num barco no Mediterrâneo, depois de alertarem a Guarda Costeira italiana e terem passado por um porta-aviões da Aliança Atlântica.
TEXTO: Segundo o diário britânico, a embarcação com 72 passageiros, incluindo mulheres, crianças e refugiados políticos, tinha saído de Trípoli, Líbia, para a ilha italiana de Lampedusa quando se viu em apuros. Fizeram soar alarmes, pediram ajuda da guarda costeira italiana e tentaram contactar um helicóptero militar e um navio da NATO. . . mas não houve qualquer tentativa para os socorrer. Depois de 16 dias, 68 dos ocupantes do navio estavam mortos. Onze chegaram a terra, mas dois morreram pouco depois. Nove sobreviveram para contar a história. “Todas as manhãs acordávamos e encontrávamos mais corpos. Deixávamo-los no barco durante 24 horas, e depois atirávamo-los ao mar”, contou Abu Kurke, um dos sobreviventes. “Nos últimos dias, já não nem sabíamos quem éramos. . Todos estavam a rezar, ou a morrer. ” Lei marítima obriga a ajuda“Houve uma renúncia da responsabilidade que levou àmorte de 60 pessoas”, acusou Moses Zerai, um padre eritreu em Roma que dirige uma organização de refugiados e que esteve em contacto com o navio pelo telefone satélite da embarcação, enquanto a bateria deste durou. “Isto é um crime, e um crime não pode ficar sem castigo só porque as vítimas eram migrantes africanos e não turistas num cruzeiro. ” A lei internacional marítima, sublinha o "Guardian", obriga a qualquer navio, incluindo unidades militares, a prestar auxílio a outras embarcações em dificuldades sempre que possível. Uma porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os refugiados pediu mais cooperação dos navios comerciais e militares. “O Mediterrâneo não se pode tornar no Wild West”, comentou Laura Boldrini. “Os que não ajudam as pessoas não podem continuar impunes. ”As revoltas e instabilidade em países do Norte de África levaram a um aumento do número de pessoas que tentam chegar à Europa de barco – nos últimos quatro meses, acredita-se que 30 mil migrantes tenham tentado atravessar o Mediterrâneo de barco. Muitos morreram. Ninguém admite contacto com barcoEste barco tinha saído de Trípoli a 25 de Março levando 47 etíopes, sete nigerianos, sete eritreus, seis ganeses e cinco sudaneses. Havia 20 mulheres e duas crianças pequenas – uma delas tinha apenas um ano. No caminho para Lampedusa, quando estava no mar há apenas 18 horas, a embarcação começou a ter problemas e a perder combustível. O “Guardian” reconstruiu a história com base em testemunhos dos sobreviventes e pessoas que estiveram em contacto com o barco. Os migrantes começaram por contactar o padre Zerai, que alertou a guarda costeira italiana – que lhe assegurou que tinha dado o alarme e que as autoridades estavam a par da situação. Um helicóptero militar apareceu pouco depois e forneceu pacotes de bolachas, água, e deu indicações de que o barco deveria manter-se na sua posição até chegar um navio de ajuda. Mas nenhum país admite ter mandado este helicóptero. Itália diz ter avisado Malta para o barco, Malta nega ter tido qualquer contacto com os migrantes. O capitão ganês, não vendo sinais do navio de auxílio prometido, decidiu que poderia chegar a Lampedusa com os 20 litros de combustível que ainda tinha. Mas dois dias depois de ter partido da Líbia tinha perdido o rumo, ficado sem combustível, e estava ao sabor da corrente. O porta-aviões da NATOA corrente levou-o para perto de um porta-aviões da NATO, tão perto que seria impossível não terem sido vistos. O “Guardian” tentou descobrir que navio da NATO seria este, e descobrindo que o Charles de Gaulle operava no Mediterrâneo nestas datas, tentou obter comentários. Recebeu uma resposta dizendo que o porta-avião francês não estava no local. Confrontado com notícias que falavam da presença do Charles de Gaulle na região na altura, um porta-voz da NATO recusou-se a fazer comentários.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU NATO