Apenas dois casos de sarampo em Portugal apesar de surto europeu
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-05-16
SUMÁRIO: A subdirectora-geral da Saúde garantiu hoje ao PÚBLICO que os dois únicos casos de sarampo detectados em Portugal desde o início do ano foram importados. Mesmo assim, Graça Freitas apela à vacinação, perante alguns surtos registados noutros países.
TEXTO: “Há sarampo em vários países da Europa e de África mas nós não temos nenhum caso de sarampo autóctone, apesar de corrermos o risco de importar casos. Desde o início do ano já importámos dois casos, um que foi detectado numa estrangeira que viajou para Portugal e um outro num jovem que esteve a residir temporariamente em França”, concretizou a subdirectora-geral da Saúde que, de momento, não confirma a necessidade de emitir uma circular de alerta. Graça Freitas salientou que nenhum destes dois casos deu origem a uma bolsa de sarampo, destacando que em Portugal a taxa de vacinação contra a doença é “bastante boa”, isto é, “superior a 95 por cento”, ainda que em algumas regiões persistam taxas bastante inferiores. Por isso, a responsável apelou a todos os cidadãos que não tiveram a doença que confirmem se têm as duas doses da vacina do sarampo feitas e, em caso de dúvida, que se aconselhem no centro de saúde a que pertencem. A vacina contra o sarampo, a VASPR, faz parte do Plano Nacional de Vacinação português e é composta por duas doses, a primeira das quais deve ser dada ainda em bebé, aos 15 meses, e a segunda por volta dos cinco/seis anos. Nos últimos meses vários foram os casos de sarampo detectados em países europeus, o que tem colocado as autoridades de saúde em alerta. Em França o número de notificações já ultrapassou as 5000, sendo este um dos 33 países (14 dos quais europeus) em alerta devido à situação. Inglaterra e Angola são outros dos destinos onde têm sido detectados vários casos, assim como Espanha, com 600 notificações na região de Andaluzia. A actual ocorrência de surtos de sarampo em muitos países europeus e africanos representa um risco acrescido para a importação da doença em Portugal. Apesar das elevadas taxas de cobertura de vacinação serem teoricamente impeditivas da circulação do vírus na comunidade, a acumulação de eventuais bolsas em zonas de baixa imunidade, em dado momento, pode permitir a ocorrência de surtos, recorda a Direcção-Geral da Saúde, que recentemente também apelou à vacinação ou reforço dos profissionais de saúde. OMS quer erradicar doença até 2015O sarampo é uma das doenças infecciosas mais contagiosas, que se transmite apenas “pessoa-a-pessoa”. Habitualmente, a doença, provocada por um vírus, é benigna, mas, em alguns casos, pode ser grave ou mesmo mortal. As pessoas não vacinadas e que nunca tiveram sarampo, se forem expostas ao vírus, têm uma elevada probabilidade de adquirir a doença que a Organização Mundial de Saúde pretendia erradicar até 2010 – uma meta que já foi adiada para 2015. Em Portugal, a grande maioria das pessoas está protegida por vacinação ou por ter tido a doença. O Inquérito Serológico Nacional realizado em 2001/2002 revela que 95 por cento dos cidadãos têm imunidade contra o sarampo o que é compatível com as taxas de cobertura vacinal de 95 a 98 por cento alcançadas em Portugal e com uma eficácia de seroconversão da vacina de 90 a 95 por cento. Já os cidadãos nascidos antes de 1969, estima-se que 97 por cento sejam imunes em consequência da imunidade natural resultante do contacto com o vírus num período de elevada incidência da doença (anterior à utilização da vacina). No grupo de pessoas nascidas entre 1970 e 1977 há algumas com imunidade natural e outras que receberam apenas uma dose da vacina, já que foi nestes anos que a vacina foi introduzida no Plano Nacional de Vacinação. As pessoas que nasceram entre 1978 e 1996 foram, em princípio, vacinadas com duas doses e estão imunes. Neste período ocorreram dois surtos de sarampo, em 1989 e 1994, que levaram a um reforço da vacinação.
REFERÊNCIAS:
Entidades OMS