A GNR fez 100 anos e já não quer meter medo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 3 Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento -0.19
DATA: 2011-05-27
SUMÁRIO: Há não muito tempo, um cavaleiro da GNR costumava ser descrito como “um burro em cima de um cavalo”. A polícia militar portuguesa, criada há cem anos, tinha fama de ser conservadora, violenta e um pouco bruta. Assustava. Mas já não é assim. Os guardas são hoje mais jovens, mais instruídos e mais afáveis — são, cada vez mais, polícias como os outros.
TEXTO: A história vale o que vale. Está contada em vários blogues e reza assim: um indivíduo resolve vender o automóvel e, por isso, cola no vidro traseiro uma folha com o número do telemóvel. Daí a pouco, enquanto conduz, o aparelho toca e ele atende. Dizem-lhe: “Bom dia, fala de uma unidade móvel da Brigada de Trânsito da GNR e estamos atrás de si. O senhor não sabe que é proibido atender o telemóvel enquanto conduz? Encoste por favor. ” Pode ser apenas um mito urbano, ou uma anedota, mas diz muito sobre o modo como a Guarda Nacional Republicana continua a ser percepcionada por aqueles de quem cuida. Ao fim de cem anos de história, cumpridos este mês, a polícia militar portuguesa ainda é vista como uma polícia retrógrada, severa e retorcida. Esta imagem está, porém, a mudar — e muito depressa. “A GNR já tem uma imagem muito diferente daquela que tinha, dos guardas brutos e que só sabiam bater. A sociedade agora é outra e a GNR é uma polícia como as outras. Até no trânsito já não se fazem aquelas fiscalizações repressivas, também se faz prevenção”, diz a sargento-ajudante Carla Silva, comandante do posto territorial de Avintes, em Vila Nova de Gaia, uma das 1477 mulheres que actualmente compõem os quadros da guarda. As militares do sexo feminino principiaram a chegar à GNR em 1993, uma década depois de a PSP ter começado a acolher sistematicamente agentes femininas (no Exército, o ingresso da primeira mulher nos quadros permanentes ocorreu em Abril de 1989), e, segundo a comandante Silva, ajudaram a atenuar a imagem mais conservadora da GNR. Em Fevereiro, a GNR foi mesmo notícia por causa do casamento de uma capitã com uma cabo, as quais formaram o primeiro casal de lésbicas de uma corporação militar com fama de tacanha e até um pouco marialva. O caso de Patrícia Almeida, de 27 anos, e Teresa Carvalho, de 39, dividiu opiniões e gerou incómodos, mas serve bem para ilustrar o quanto a GNR mudou. Bastará, aliás, dar uma vista de olhos pelas páginas das ocorrências policiais dos principais jornais para dar conta das mudanças. Têm-se sucedido, no último mês, casos de militares da GNR vítimas de agressão e até de sequestro, como aconteceu em Alijó há cerca de duas semanas: um toxicodependente encostou uma faca ao pescoço de um guarda numa das principais avenidas da cidade, mantendo-o manietado durante alguns minutos. “Estas ocorrências revelam um grande sentimento de impunidade. Ao agredir um guarda, agride-se o Estado. E as consequências para quem o faz não são suficientemente dissuasoras, pelo que podemos estar a evoluir para uma situação que prejudicará muito aqueles que vivem de acordo com as regras”, considera o capitão Paulo Nogueira, comandante do destacamento territorial de Penafiel. Mas, acrescenta, as notícias que mostram uma GNR mais frágil têm também um lado bom. “Antigamente, se calhar, os guardas eram quem agredia em primeiro lugar. Hoje os guardas pautam-se por determinadas regras e pela contenção no uso da força. ” Esta reportagem, de Jorge Marmelo e Adriano Miranda, pode ser lida na íntegra, no dia 29 de Maio, na revista Pública, vendida aos domingos com o jornal PÚBLICO e na edição “online” exclusiva para assinantes. Outros destaques:– Barack Obama visita a Europa no momento em que é publicada na América uma biografia da sua mãe. O académico e ensaísta Ian Buruma, considerado um dos 100 intelectuais mais influentes do mundo, leu-a e explica como, apesar de ter sido o pai queniano o centro das memórias do actual Presidente dos EUA, foi Stanley Ann Dunham quem moldou o seu carácter. “Podemos acreditar uns nos outros e trabalhar juntos. Esse é o idealismo ingénuo que existe em mim. ”
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA GNR PSP