Medvedev propõe-se mediar crise na Líbia e envia emissário a Bengasi
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-05-28
SUMÁRIO: O Presidente russo Dmitri Medvedev propôs mediar o conflito na Líbia durante a cimeira do G8 que está a decorrer em Deauville, França, e anunciou que irá enviar um emissário a Bengasi, o bastião dos rebeldes líbios.
TEXTO: Medvedev defendeu que o líder líbio Muammar Khadafi deve abandonar o poder, e depois de ter aceite mediar o conflito na Líbia, perante os seus parceiros do G8, adiantou em conferência de imprensa que o alto representante da Rússia para África, Mikhail Margelov, irá deslocar-se a Bengasi, onde a rebelião contra o regime líbio começou há mais de três meses. A sua iniciativa foi bem acolhida pelos EUA. Ben Rhodes, conselheiro para a segurança nacional da Casa Branca, disse aos jornalistas que “a Rússia tem um papel a desempenhar, como um parceiro próximo, para podermos avançar”. E adiantou: “O povo líbio merece um futuro melhor e nós estaremos em contacto próximo com os russos para acompanhar as suas conversações com os líbios”. Mas pouco tempo após o anúncio de Medvedev, o regime líbio fez saber que o que se passava na reunião dos chefes de Estado dos oito países mais industrializados “não dizia respeito” à Líbia. “O G8 é uma cimeira económica. Não somos afectados por essas decisões”, declarou o vice-ministro líbio dos Negócios Estrangeiros, Khaled Kaaim, citado pela AFP. “Somos um país africano. Todas as iniciativas foram do quadro da União Africana serão rejeitadas”, afirmou, dizendo que a Rússia não os tinha informado previamente. Mikhail Margelov tinha dito, à margem da cimeira do G8, que os chefes de Estado dos Estados Unidos, Barack Obama, e França, Nicolas Sarkozy, “solicitaram” esta mediação à Rússia. Adiantou que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, não aderiu ao pedido e que a chanceler alemã, Angela Merkel, apenas notou que Moscovo tem “possibilidades de levar a cabo uma mediação”. Medvedev explicou depois que, por agora, o melhor será Margelov deslocar-se a Bengasi. “A situação em Trípoli é mais difícil”, disse, referindo-se aos confrontos que se têm verificado na capital líbia, controlada pelas forças do regime. “Mas espero que tenhamos oportunidade de contactar com as duas partes: os rebeldes, novas forças políticas, e os representantes do antigo poder”, disse, citado pela AFP. Ao considerar que será difícil que as negociações decorram directamente com Khadafi, Margelov adiantou que o mais provável é que os contactos com o regime sejam feitos a partir de pessoas próximas do coronel, como os seus filhos. O comunicado final da cimeira do G8 em Deauville usa linguagem bastante clara no que se refere à Líbia: “Kadhafi e o Governo líbio não cumpriram a sua responsabilidade de proteger a população líbia e perderam toda a legitimidade. Ele não tem futuro numa Líbia livre e democrática. Tem de se afastar”. O avanço de Moscovo – que continua a opor-se à adopção de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU a condenar o regime de Khadafi – surge numa altura em que a situação de combate na Líbia permanece num impasse, com a continuação dos raides aéreos da NATO contra as posições das forças leais ao regime que por seu lado mantém os bombardeamentos de artilharia contra o movimento de rebelião. Mas também numa fase em que Khadafi perde cada vez mais terreno no palco diplomático e, segundo os serviços secretos britânicos, mostra um comportamento “paranóico e em fuga”. Relatórios dos MI6 indicam que Khadafi, cuja residência em Trípoli já foi alvo dos ataques internacionais várias vezes, dorme em hospitais, nunca duas vezes seguidas no mesmo local. Os serviços secretos britânicos sustentam ainda que os comandantes militares do regime perderam a capacidade de comunicarem entre si e que os tanques se movem no território numa espécie de jogo do gato e do rato com os aviões da NATO.
REFERÊNCIAS: