Ratko Mladic não quis ouvir "nem uma palavra" da acusação no tribunal de Haia
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-06-03
SUMÁRIO: O antigo comandante miltiar sérvio bósnio Ratko Mladic sentou-se hoje no banco dos réus no Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPI-J), em Haia, onde vai ser julgado por crimes de guerra, afirmando: “Não quero que me leiam nem uma palavra dessa acusação".
TEXTO: "Sou o general Mladic", foram as primeiras palavras do acusado, que estava de fato cinzento e o que parecia ser um boné militar, que tirou depois de se ter sentado. A voz era calma. “Sou um homem extremamente doente, preciso de um pouco mais de tempo para reflectir em tudo o que ela acabou de dizer”, afirmou depois da leitura dos seus direitos. Quando questionado sobre se tinha lido a acusação que lhe tinha sido enviada em papel, respondeu que a tinha recebido mas não lido. Depois, afirmou que não iria responder às acusações "monstruosas", segundo a emissora britânica BBC. Mas as acusações foram lidas. E os jornalistas que descreviam um Mladic que parecia, inicialmente um pouco confuso, pareceram ver uma mudança de atitude, sublinhando uma pequena risada de Mladic quando foram lidas as acusações relativas ao massacre de Srebrenica. Uma atitude de desafio cristalizada numa das suas frases durante a audiência: "Sou o general Mladic e todo o mundo sabe quem eu sou. "Durante a sessão, Mladic disse ainda que não estava no tribunal a procurar uma defesa para si próprio, diz o jornal britânico "The Guardian": “Estou aqui a defender o meu país e o meu povo, e não Ratko Mladic. ”Mladic, que tinha já olhado nos olhos de algumas das “mães de Srebrenica”, reservou para elas a despedida final: ao sair da sala, fez-lhes dois sinais de continência militar. Mladic “entrou no tribunal como um homem velho e doente que não era visto há 16 anos para sair 105 minutos mais tarde, tendo recuperado muita da bravura e arrogância da sua época áurea”, comentou o jornalista Bruno Waterfiled, do diário britânico "The Telegraph". O antigo general de 69 anos é acusado de crimes de guerra e genocídio na guerra na Bósnia (1992-95), entre eles o cerco a Sarajevo e o massacre de Srebrenica, em que morreram 8 mil homens e rapazes muçulmanos. Deverá responder por várias acusações entre as quais dois crimes de genocídio, o crime mais grave no direito internacional. As outras acusações são perseguição, extermínio, morte, deportação, actos desumanos, actos de violência, ataques ilegais e sequestro. Foi extraditado esta terça-feira para a Holanda depois de ter sido capturado na quinta-feira passada, na Sérvia, após 16 anos em fuga. Ainda foi visitar a campa da filha, Ana, que se suicidou, antes de ser levado para Haia, onde é a sede do TPI-J. A defesa de Mladic tinha tentado evitar a extradição alegando doença do antigo militar. Nesta sessão, Mladic terá de dizer se se considera culpado ou inocente. Para já, segundo o seu filho, Mladic tem dito que é inocente. Mas este ainda não é o início formal do processo: segundo o "New York Times", Mladic e os seus advogados precisarão ainda de muito tempo para se preparar para a defesa das acusações. Num artigo publicado no diário “Press” de Belgrado, Milos Saljic, o advogado de Mladic na Sérvia, adiantou que o antigo líder militar dos sérvios bósnios sofre de cancro e chegou a ser submetido a uma intervenção cirúrgica num hospital da capital sérvia, tendo sido depois submetido a tratamentos de quimioterapia, entre 20 de Abril e 18 de Julho de 2009. Mas um procurador sérvio, Bruno Vekaric, disse que o documento mostrado para comprovar os tratamentos “parece ser falso”. A ministra da Defesa sérvia, Snezana Malovic, defendeu em declarações à Reuters que Mladic “terá os cuidados médicos apropriados em Haia”. Notícia actualizada às 13h10
REFERÊNCIAS:
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