Bonecos Estrunfes vivem num regime estalinista e racista
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 7 | Sentimento 0.136
DATA: 2011-06-07
SUMÁRIO: Os famosos bonecos azuis, criados pelo ilustrador belga Peyo, estão envolvidos numa grande polémica em França, onde um académico afirma que os Estrunfes de inocentes bonecos nada têm.
TEXTO: Antoine Buéno é um professor francês que publicou agora um livro “Le Petit Livre Bleu: Analyse critique et politique de la société des Schtroumpfs”, onde faz uma análise sobre os bonecos azuis, investigando a história dos Estrunfes, as mensagens subliminares de cada personagem, o dia-a-dia das histórias. No seu estudo, o autor garante ter encontrado vários valores totalitários. Para o francês, a sociedade dos Estrunfes é “típica de uma utopia soviética”, destacando que “cada um se veste da mesma maneira, tem uma casa igual à do seu vizinho, e exerce a profissão mais adequada às suas habilidades, não sendo conhecidos pelo seu nome mas sim pela sua função na sociedade. ” Antoine Buéno escreve ainda que os Estrunfes vivem num mundo em que a iniciativa privada não é estimulada, onde as refeições são feitas em comunidade, numa sala partilhada, e, acima de tudo, têm um único líder, não podendo abandonar o seu pequeno país. “Isto não vos faz lembrar nada? Talvez um regime ditatorial?”, questionou o professor, citado pelo “Le Figaro”, numa palestra na Universidade Science Po, em Paris, comparando assim o mundo dos Estrunfes ao regime estalinista, onde o pai se veste de vermelho e é parecido com Estaline, e o estrunfe inteligente é a representação de Trotsky. No seu estudo, o académico dá especial enfoque a um episódio onde os Estrunfes são mordidos por uma mosca que os torna pretos e os deixa mudos, aludindo ao colonialismo. Estas afirmações não têm sido bem aceites pelos fãs dos bonecos azuis que rejeitam esta nova versão. Na Internet e nas redes sociais as críticas a Antoine Buéno não têm parado e há quem o chame de “destruidor de sonhos. ”Ao “The Guardian” o autor explicou que nunca esperou esta reacção do público. “Eu não quero desencantar ninguém. É possível manter uma abordagem infantil e fazer uma abordagem analítica”, disse o francês, explicando que toda a sua investigação foi “muito rigorosa e documentada. ”“Eu não acredito que Peyo tenha feito de propósito mas a verdade é que inconscientemente estes elementos estão lá. ”O filho do criador também já veio a público explicar que o seu pai, Peyo, nunca teve interesse pela política e por isso esta nova versão dos Estrunfes não faz sentido. Ao francês “L’Express”, Thierry Culliford disse que não leu o livro de Buéno. “Ele pode interpretar as histórias como ele quiser, mesmo que eu não subscreva essa interpretação, desde que não ataque o meu pai e o seu trabalho. ”Peyo morreu em 1992 e foi o seu filho Thierry Culliford quem continuou a escrever as aventuras dos Estrunfes. Ainda este ano a história dos bonecos azuis com gorros brancos deve chegar aos cinemas, não se sabendo para já muitos pormenores.
REFERÊNCIAS: