Rússia opõe-se à resolução na ONU contra a Síria
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-06-10
SUMÁRIO: A Rússia opõe-se à resolução apresentada nesta quarta-feira no Conselho de Segurança da ONU que condena a repressão das autoridades da Síria sobre os manifestantes que se opõem ao regime. A violência já levou cerca de 2400 sírios a fugir para a Turquia.
TEXTO: A resolução foi apresentada pelo Reino Unido, França, Alemanha e Portugal, mas para ser aprovada terá de contar com o voto favorável do Conselho de Segurança. Mas a Rússia já anunciou que se opõe ao documento, que também não deverá contar com a aprovação da China. Num encontro com jornalistas em Moscovo, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Alexander Lukashevich, não poderia ter sido mais explícito ao referir-se ao documento apresentado ontem na ONU. “A Rússia está contra qualquer resolução do Conselho de Segurança sobre a Síria”. “Não acreditamos que a questão da Síria deva ser posta à consideração do Conselho de Segurança”, adiantou Lukashevich. “Na nossa perspectiva, a situação na Síria não representa uma ameaça à paz e segurança internacionais”, acrescentou, citado pela Reuters. Para as autoridades russas, o conflito na Síria deve ser resolvido “sem qualquer influência externa”. O objectivo da resolução é pressionar o regime do Presidente Bashar al-Assad a parar com a violência. No texto é feito um apelo ao fim do fornecimento de armas a Damasco, embora não seja referido explicitamente o embargo de armas ou medidas punitivas para quem as vender à Síria. Lukashevich não referiu se a Rússia usará o seu direito de veto enquanto membro permanente do Conselho de Segurança ou se irá abster-se na votação, mas diplomatas citados pela Reuters adiantaram que as autoridades de Moscovo estarão a ser pressionadas para optar pela abstenção, tal como aconteceu em Março quando foi votada a resolução que abriu caminho à intervenção militar na Líbia. Para já, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo considerou que a aprovação de uma resolução contra a Síria poderá representar um apoio tácito àqueles que referiu como “extremistas armados” que combatem o regime. “Isso não faz parte do papel das Nações Unidas”, adiantou. Sem referir a repressão que já terá causado mais de 1000 mortes, Lukashevich optou por salientar os “passos importantes” do regime de Assad no sentido de introduzir reformas. “É necessário dar algum tempo para que isso seja posto em prática”, A Rússia já tinha dado vários sinais de se opor a uma resolução contra a Síria, e ainda no mês passado o Presidente Dmitri Medvedev disse que não apoiaria uma posição desse tipo e alertou os Estados Unidos e outros países para não actuarem junto do Conselho de Segurança. O texto apresentado ontem é, no entanto, bastante diferente daquele que deu início às operações na Líbia, uma vez que não prevê qualquer intervenção militar. Ao anunciar que iria ser apresentada uma resolução, o primeiro-ministro britânico David Cameron considerou “totalmente inaceitável” a repressão sobre os manifestantes na Síria e adiantou que a resolução condena a violência e pede que seja dado acesso à ajuda humanitária. Fuga para a TurquiaPara fugir à violência na Síria, mais de 2400 pessoas já atravessaram nos últimos dois dias a fronteira para a Turquia, confirmou o ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Ahmet Davutoglu. “Estamos muito preocupados com a situação na Síria”, adiantou. “Mais de 2400 pessoas já chegaram à Turquia como refugiados”, disse aos jornalistas à margem de uma conferência em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, para debater a ajuda aos rebeldes da Líbia. O primeiro-ministro turco, Recep Tayyp Erdogan, já tinha garantido que a Turquia não colocaria qualquer entrave à entrada de refugiados, mas agora Davutoglu alertou para a necessidade de as autoridades sírias actuarem “de forma mais decisiva” na aplicação de reformas.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU