ONG de mulheres quer que assédio sexual seja crime
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 16 | Sentimento 0.35
DATA: 2011-06-10
SUMÁRIO: Não é a criminalização do assobio ou do piropo. É a criminalização do assédio sexual que a UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta defende, depois de uma tournée destinada a trazer o fenómeno "para a agenda política" e a perceber "qual o índice de vitimização" em Portugal. "Quando falamos de assédio sexual, falamos de um padrão de comportamento", explica Maria José Magalhães, presidente daquela organização não governamental. "São situações graves, que perturbam e que até têm interferência na saúde de quem é alvo de assédio."
TEXTO: A investigadora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto aponta "perseguições, comportamentos de controlo, a limitação das liberdades". A vítima sente que tem de estar alerta: "É como numa guerra. As bombas não estão sempre a cair, mas podem cair a qualquer momento. A pessoa desconcentra-se, tem insónias. " Não por acaso, o assédio sexual é "um dos cinco principais factores de doença no trabalho". "Queremos uma lei que responsabilize o agressor e que proteja a vítima", diz. "Há pessoas que estão sempre a receber mensagens, convites, ameaças: não serão promovidas, se não aceitarem o convívio. "Em Fevereiro, uma equipa da UMAR fez-se à estrada - animou debates, promoveu performances, aplicou um inquérito a uma amostra aleatória em Faro, Beja, Setúbal, Lisboa, Viseu, Coimbra, Porto e Braga. "Sabe o que é assédio? Se sim, o que é para si o assédio? Conhece vítimas de assédio? Uma elevada percentagem afiança saber o que é assédio, mas perde-se ao defini-lo. E, à volta de mil inquéritos depois, ninguém diz conhecer uma vítima. "Há homens que não percebem que estão a assediar uma mulher", observa Maria José Magalhães. "Há homens que dizem que gostariam de ser assediados. Muitas pessoas confundem assédio com sedução. A pessoa que é alvo de assédio não tem intenção de relacionamento. "As reacções que foi encontrando fizeram Maria José Magalhães lembrar-se do que era falar de violência doméstica nos anos 80: "Pensa-se que as mulheres fizeram qualquer coisa [para provocar tal comportamento]. Ou usam vestido curto ou usam saia curta. "
REFERÊNCIAS:
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