Equipa da Universidade do Porto trabalha em vacina contra a obesidade
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-06-10
SUMÁRIO: Uma equipa de investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, liderada pela endocrinologista Mariana Monteiro, está a trabalhar numa vacina contra a obesidade. A abordagem não é nova. Já outras equipas tinham tentado alcançar uma vacina destas. Mas a segurança, em termos de toxicidade, do trabalho da equipa portuguesa, é mais animador.
TEXTO: A busca de uma vacina, ou de uma terapêutica contra a obesidade é algo em que a ciência tem vindo a investir devido não só ao crescimento da doença por todo o mundo (Portugal tem 12, 8 por cento de obesos e ocupa a 15 posição no ranking mundial), mas também devido à relação da obesidade, como factor de risco, com as patologias cardíacas ou com a diabetes. Já uma equipa norte-americana, do prestigiado Scripps Research Institute, na Califórnia, EUA, tinha desenvolvido em 2006, uma vacina testada em animais, a EpiVax, que, contudo, ainda não percorreu também o longo caminho até chegar aos ensaios clínicos em humanos. Mariana Monteiro explicou ao PÚBLICO como actua esta vacina e no que difere da experiência de 2006: “O princípio é o mesmo, aliás foi esse o estudo que nos serviu de inspiração como prova de conceito. No entanto, a vacina apresentada em 2006 usava a BSA (bovine serum albumin) como transportador, existindo várias limitações à sua utilização em humanos uma vez que são proteínas bovinas e têm riscos biológicos potenciais. A nossa equipa utiliza uma molécula semelhante a um vírus já utilizada noutras estratégias vacinais em humanos, o que significa que se os estudos forem favoráveis nos animais podem ser directamente transpostos para o humano. ”A vacina actua através da supressão da actividade de uma hormona estimulante do apetite, a grelina. Em ratinhos, esta vacina conseguiu diminuir a vontade de ingerir alimentos e aumentou o gasto de calorias”. “Em estudos preliminares realizados não encontramos sinais de toxicidade, pelo que a grande vantagem da nossa vacina em comparação com a anterior é a sua potencial segurança”, diz a investigadora. Segundo a investigadora, os efeitos da vacina são idênticos aos que se obtém com a cirurgia bariátrica. “Quando os doentes são operados, quando fazem por exemplo um ‘bypass’ gástrico, os níveis de grelina não aumentam e, portanto, as pessoas têm um aumento da saciedade que é atribuível à manutenção dos níveis baixos dessa hormona”, disse. E a vacina permitirá também evitar a recuperação de peso depois de dietas, exercício ou cirurgia, inibindo esta hormona: “É o que designamos como efeito ioiô”, sintetizou. No entanto mariana Monteiro frisa que a vacina deverá ser sempre combinada com dieta e exercício físico”. Mariana Monteiro frisa que a transposição para o domínio humano destes resultados, apresentados no passado fim-de-semana na Reunião Anual da Sociedade de Endocrinologia, que decorreu em Boston, nos EUA, obriga à realização de muitos outros estudos, que deverão prolongar-se por vários anos. “Em média, desde a descoberta de uma nova molécula à sua introdução no mercado, demora entre 10 e 15 anos. ”A equipa prevê a publicação em breve dos seus resultados numa revista científica. Mas a recepção aos resultados apresentados à comunidade científica em Boston foi muito calorosa, diz a investigadora.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA