Assad reafirma "conspiração" contra a Síria
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DATA: 2011-06-20
SUMÁRIO: Num discurso proferido nesta segunda-feira na Universidade de Damasco, o Presidente sírio, Bashar al-Assad, voltou a afirmar que o seu país enfrentava uma “conspiração”, sublinhando porém que ela tornava a Síria “mais resistente”.
TEXTO: O país encontra-se num “momento decisivo” depois de “dias difíceis”, declarou Assad, há três meses a enfrentar uma contestação sem precedentes. Naquele que foi o seu terceiro discurso desde o início dos protestos, a 15 de Março, o chefe de Estado sírio garantiu que não havia reformas “na sabotagem e no caos” e que aquilo que alguns estavam a levar a cabo na Síria não estava relacionado com reformas mas apenas com “sabotagem”. O Presidente sublinhou também a necessidade de distinguir as necessidades legítimas do povo dos “sabotadores”. Assad acusou ainda homens armados de massacres em Jisr al-Shughour, com sofisticadas armas e comunicações. Às “famílias dos mártires”, o chefe de Estado exprimiu as suas “condolências”. O Presidente adiantou ainda que cerca de “64 mil pessoas” eram procuradas pelas autoridades e que algumas se entregaram por si próprias. “Devemos resolver os problemas sírios sozinhos”, declarou Bashar al-Assad, referindo a necessidade de um “diálogo nacional” – que poderá levar a “uma nova Constituição” –, entre o som de aplausos e slogans em seu apoio, relata a AFP. “Pode-se dizer que o diálogo nacional é o slogan da próxima etapa”, disse o Presidente. “O diálogo nacional poderá conduzir a alterações na Constituição ou a uma nova Constiuição”, acrescentou. “Alguns pensam que há atrasos no que toca às reformas, que não é sério. Mas isso não é verdade, o processo de reformas é uma convicção total no interesse da pátria”, assegurou Assad, adiantando que iria pedir ao ministro da Justiça que estudasse uma “expansão” da amnistia que recentemente decretou. No final de Maio, o Presidente sírio anunciou uma amnistia geral que envolveu os opositores da Irmandade Muçulmana e todos os prisioneiros políticos. No entando, desde o início da repressão aos protestos activistas dos direitos humanos estimam que tenham sido presas cerca de dez mil pessoas. Aqueles a quem apelida de responsáveis pelo “derramento de sangue” terão de prestar contas, garantiu Assad sublinhando que não há “solução política” com “aqueles que carregam armas”. O Presidente da Síria dirigiu-se também aos milhares de refugiados sírios que fugiram para a Turquia, pedindo-lhes que regressassem “o mais rapidamente possível” e aos cidadãos sírios em geral que o ajudassem a restaurar a normalidade, ainda que a “crise” dure meses ou anos. Assad anunciou ainda eleições parlamentares a acontecer em Agosto. Mas convém recordar que, desde há 40 anos, as eleições têm o mesmo partido vencedor: o partido Baas, liderado por Bashar al-Assad. O discurso do Presidente sírio acontece um dia depois de os opositores sírios terem anunciado a criação de um Conselho Nacional para representar todos os envolvidos na contestação ao regime. Turquia dá menos de uma semana ao regime sírioO discurso de Bashar al-Assad, aguardado por muitos com expectativa já que deveria determinar as escolhas futuras do regime face ao conflito que se arrasta há três meses, veio confirmar que o Presidente sírio mantém a linha dura e não está disposto a ceder aos que pedem o fim do seu regime. Um responsável turco afirmou no domingo que Assad tinha menos de uma semana para começar a adoptar reformas antes que a intervenção estrangeira comece. A Turquia, maior vizinho da Síria e o seu principal parceiro comercial, tem tentado persuadir Assad a parar com a repressão às manifestações pró-democracia, que segundo activistas de direitos humanos já terá provocado mais de 1300 mortos. Notícia actualizada às 11h55
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens humanos