Strauss-Kahn teve o primeiro jantar de um homem livre
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.325
DATA: 2011-07-02
SUMÁRIO: Reverso de fortunas no caso DSK: o ex-chefe do FMI gozou ontem a sua primeira noite em liberdade, jantando num restaurante italiano em Nova Iorque com a mulher, Anne Sinclair, e um casal amigo; simultaneamente, o New York Times publicou novos detalhes que complicam ainda mais a credibilidade da alegada vítima de violação, uma empregada de limpeza do Hotel Sofitel, de nacionalidade guineense.
TEXTO: Citando investigadores do gabinete do procurador-geral de Nova Iorque ligados ao processo, o Times revelou ontem à noite (madrugada em Lisboa) que o teor de telefonema feito pela mulher 24 horas depois da alegada tentativa de violação indica que ela tencionava beneficiar economicamente da sua acusação contra DSK. O gabinete da procuradoria de Nova Iorque possui uma gravação do telefonema, feito entre a mulher de 32 anos e o seu namorado, que se encontra detido numa prisão do Arizona por posse de droga. Segundo um investigador citado pelo jornal, a mulher terá dito nesse telefonema: “Não te preocupes, este tipo tem imenso dinheiro. Sei o que estou a fazer”. A conversa decorreu em fulani, um dialecto da Guiné, e a sua tradução só foi finalizada esta quarta-feira, dois dias antes de a procuradoria entregar uma carta no tribunal criminal de Nova Iorque onde relata uma série de inconsistências e informações falsas avançadas pela alegada vítima durante as suas entrevistas com os investigadores e que motivaram a libertação de Strauss-Kahn da sua prisão domiciliária, sem fiança. Os novos detalhes parecem agravar ainda mais a legitimidade da mulher, descrita inicialmente como uma testemunha sólida, imigrante trabalhadora e muçulmana devota. No documento apresentado em tribunal na sexta-feira de manhã, a procuradoria revela que, durante as entrevistas, ela mentiu sobre o seu pedido de asilo nos Estados Unidos, nomeadamente ao dizer que tinha sido violada na Guiné por um grupo de soldados. Os investigadores também descobriram que nos últimos dois anos ela cometeu fraude fiscal, falseando as suas declarações de rendimentos. E corrigiu a sua versão inicial sobre o que aconteceu na suite 2806 do Sofitel: a mulher não alertou imediatamente o seu supervisor após a alegada tentativa de violação; ela limpou o quarto depois de DSK sair e só depois avisou o seu chefe sobre o incidente. As entrevistas com os investigadores tornaram-se progressivamente tensas, relata o New York Times. E durante dias consecutivos ela manteve-se incontactável. O advogado da mulher acusou ontem os investigadores da procuradoria de Nova Iorque de maltratarem a sua cliente. DSK voltou a sorrir, ontem à noite, ao sair do Scalinatella – um restaurante do Upper East Side que conta com Madonna entre os seus clientes –, sem responder às perguntas dos jornalistas que o aguardavam à porta. Um homem livre, sim, mas que continua a ser seguido – por jornalistas e por seguranças que escoltaram o seu percurso até ao restaurante. Um casal que se encontrava numa mesa vizinha no restaurante felicitou-o, segundo a AFP. França, que interpreta a reviravolta no seu caso como uma confirmação das teorias de conspiração que emergiram inicialmente, discute a possibilidade de DSK ainda entrar na corrida presidencial de 2012. O prazo-limite para concorrer às primárias socialistas termina no próximo dia 13, mas o partido pondera prolongar a data. A acusação contra Strauss-Kahn continua intacta, por agora. Ontem, o juiz determinou apenas as novas condições em que o ex-chefe do FMI ficará a aguardar os desenvolvimentos do processo. A próxima audiência está marcada para dia 18.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE