Angolanos estão na corrida à privatização do BPN
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DATA: 2011-07-18
SUMÁRIO: O banco angolano BIC vai formalizar uma intenção firme de aquisição do Banco Português de Negócios (BPN), que o Estado quer privatizar. É uma oportunidade de o banco, que tem para já uma pequena presença em Portugal, ganhar dimensão e afirmar a sua posição no sistema financeiro português.
TEXTO: A proposta que o banco irá formalizar incidirá apenas sobre uma parte do universo empresarial que o Estado está a colocar no mercado. A informação foi confirmada ao PÚBLICO pelo presidente executivo (CEO) do BIC, Luís Mira Amaral. "Os accionistas reuniram-se e, depois de terem analisado a proposta apresentada pela comissão executiva, incumbiram-na de realizar uma oferta de compra do BPN", referiu o lider do banco. A iniciativa terá de ser formalizada até depois de amanhã, junto do BPN. O banco é presidido por Francisco Bandeira, que é, em simultâneo, vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que encaminhará a proposta para o Ministério das Finanças - a quem irá caber a última palavra. A privatização do BPN, sem preço indicativo, é uma das medidas previstas no memorando de entendimento com a troika - Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. A proposta está a ser ultimada, do ponto de vista jurídico, e não descartará a injecção de fundos públicos. Ainda assim, e dado que a oferta vai envolver um conjunto bancário mais pequeno do que aquele que é contemplado no projecto de privatização - quer em termos de passivos, quer de activos - então o esforço de capitalização do BPN será menor do que os 500 milhões de euros previstos pelo anterior executivo de José Sócrates. Apenas cerca de dois terços dos trabalhadores do BPN (1600 actualmente) serão abrangido pelo projecto do BIC, projectando-se, ainda, uma redução do número de balcões (223, neste momento). A proposta do banco liderado por Mira Amaral acautelará a qualidade dos depósitos e não aceitará a totalidade dos créditos que constam dos balanços que analisou. E se, num banco, a marca é um dos activos mais valiosos, no caso do BPN é para ser abandonada. Será substituída pela BIC, isto caso a venda ao grupo luso-angolano se formalize. Falhanço anteriorA decisão de avançar com uma proposta firme de compra do BPN, que já foi alvo de injecções de fundos públicos de mais de cinco mil milhões de euros (incluindo empréstimos da CGD com garantia do Estado), não é nova. Em 2010, o banco luso-angolano chegou a participar nos dois concursos públicos de privatização do Banco Português de Negócios, que resultaram em tentativas falhadas. Em cima da mesa estava, nomeadamente, o pagamento de 180 milhões de euros e a garantia de não despedimento dos trabalhadores, condições que não constam agora do caderno de encargos. As análises então realizadas às contas do BPN apontavam para várias incógnitas, que poderiam resultar na assunção de um buraco financeiro de entre 800 milhões e mil milhões de euros. O BIC Portugal é uma extensão do BIC Angola, controlado por Américo Amorim, por Isabel dos Santos e por Fernando Teles. Este último gestor esteve à frente do Banco de Fomento de Angola (BFA), então apenas controlado pelo BPI, mas que viria mais tarde a abrir o capital da instituição à UNITEl, empresa detida por Isabel dos Santos (filha do presidente Eduardo dos Santos) e pela petrolifera Sonangol. Recorde-se que Isabel dos Santos detém uma posição de referência no BPI, de que é administradora não-executiva, e que Mira Amaral chegou a ser administrador executivo do BPI, antes de ingressar no BIC. Para além do BIC, o BPN poderá ser disputado por um pequeno banco brasileiro, isto depois de a instituição não ter gerado o interesse do Banco do Brasil - que era uma aposta da gestão liderada por Francisco Bandeira. A 25 de Maio, o presidente da CGD, Faria de Oliveira, acompanhado de Bandeira, chegou mesmo a deslocar-se a São Paulo para se reunir com a administração de um grupo brasileiro a quem procurou sensibilizar para o potencial interesse do activo. Mas o banco estatal já foi informado pelo Banco do Brasil de que não participará na privatização. Notícia publicada na íntegra às 15h00
REFERÊNCIAS:
Entidades TROIKA