Estado quer alemães a controlar EDP
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DATA: 2011-07-22
SUMÁRIO: Pedro Passos Coelho terá dado indicações para a Parpública vender ao grupo de energia alemã RWE (que opera nas áreas da electricidade e do gás) o bloco de acções da EDP ainda nas mãos do Estado português, apurou o PÚBLICO.
TEXTO: Neste momento, e num quadro em que está a decorrer a ajuda externa a Portugal, que prevê uma injecção de fundos de 78 mil milhões de euros, o Governo já terá mesmo mandatado uma equipa de advogados para estudar a venda de 20, 9 por cento do capital da EDP ao gigante alemão, que tem mais de 21 por cento de capitais públicos. A RWE, que voltou recentemente a ser a maior empresa do sector na Alemanha, é controlada directamente em 16 por cento pelo Estado da Renânia do Norte-Vestfália (16 por cento) e em mais cinco por cento pelo Tesouro. Isto, para além de contar no seu capital com bancos alemães. Contactado para comentar a informação, o gabinete do primeiro-ministro remeteu o PÚBLICO para o Ministério das Finanças, que não esteve disponível para prestar esclarecimentos. Nas últimas semanas, Londres tem sido palco de várias reuniões, envolvendo decisões ligadas ao programa de privatizações que Passos Coelho está a preparar. O processo está a ser liderado pelo gabinete do chefe do Governo, e está centrado em Carlos Moedas, o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, contando com o envolvimento directo do ministro das Finanças, Vítor Gaspar. Recorde-se que uma das apostas estratégicas de António Mexia, presidente da EDP, era aproveitar a privatização da eléctrica para constituir uma estrutura de capital que não fosse dominada por um único accionista, o que contraria a perspectiva do actual Governo. É neste contexto que Mexia tem mantido contactos com várias empresas do sector, como é o caso da chinesa China Power, da brasileira Eletrobras, e de uma empresa eléctrica franco argelina. Já este mês, a agência Dow Jones noticiou que a China Power está em conversações para ficar com uma participação de 2, 5 a cinco por cento da EDP, no âmbito da privatização da empresa portuguesa. Hoje, o Jornal de Negócios revelou que o Governo quer maximizar o encaixe financeiro vendendo em bloco a posição que o Estado detém na EDP, o que abre a porta à mudança de controlo accionista, colocando a segunda maior empresa portuguesa nas mãos de capitais estrangeiros. Segundo o mesmo jornal, os 20, 9 por cento que a Parpública detém na EDP estão avaliados em 1, 9 mil milhões de euros. O presidente da mesa da assembleia-geral, Rui Pena, convocou ontem, por indicação do accionista Estado, uma assembleia-geral de accionistas da EDP para o dia 25 de Agosto destinada a pôr fim aos direitos que a Parpública (sociedade gestora de participações sociais que agrupa as posições do Estado no universo empresarial) detém na empresa. O PÚBLICO não conseguiu obter um comentário da EDP sobre a intenção do Governo de vender os 20, 9 por cento a capitais alemães.
REFERÊNCIAS: