Amy Winehouse: uma vida no fio da navalha
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-07-24
SUMÁRIO: Era talentosa na mesma medida em que era uma alma atormentada. Vivia consumida pelas drogas e pelo álcool, lutava contra os seus demónios pessoais e expunha as suas feridas a quem as quisesse ver. O grande desgosto amoroso da sua curta vida rendeu ao mundo um dos discos mais icónicos e mais premiados dos últimos anos: “Back to Black”. Senhoras e senhores, Amy deixou o palco para sempre.
TEXTO: O talento não se finge. E nesse aspecto Amy era verdadeiramente talentosa como só conseguem ser aqueles que actuam a partir das entranhas. Como se não pudesse ser de outra maneira. Amy não fingia. Não era uma estrela pop confeccionada à medida do consumidor. Era errática e cambaleante. Era assumida. Era verdadeira. Nascida a 14 de Setembro de 1983 no seio de uma família judia instalada em Finchley, no norte de Londres, Winehouse cresceu a ouvir álbuns de jazz que lhe chegavam às mãos através do seu pai Mitch, taxista. Ele e a mãe de Amy, Janis, acabaram por se divorciar mas isso não impediu que, aos oito anos, Winehouse já se apresentasse em palco a cantar e a representar. Sabe-se que chegou a frequentar a prestigiada escola de teatro Sylvia Young, no centro de Londres, da qual acabou por ser expulsa por não se aplicar nos estudos. Os seus instintos rebeldes despontaram cedo: aos 16 anos fez a primeira tatuagem e começou a fumar cannabis. “Os meus pais depressa perceberam que eu faria tudo o que me apetecesse e basicamente foi isso”, explicou Amy, citada pelo “The Guardian”. Entretanto a sua voz profunda, cheia de soul, começou a fazer-se ouvir com crescente insistência e um namorado de então resolveu enviar uma demo de Amy a um estúdio musical. O letrista Felix Howard, que ouviu a voz da jovem, ficou impressionado. “Aquilo era diferente de tudo o que já me tinha passado pelas mãos”, recorda, citado pelo “The Guardian”. Depressa Amy assinou um contrato com uma das maiores produtoras musicais do mundo: a Universal, sob a alçada directa de Simon Fuller, o homem que está por detrás de gigantes de popularidade como o “American Idol”. Esta proximidade com o epicentro dos fenómenos pop mundiais tornou Amy ainda mais defensiva e marginal. O “The Guardian” recorda que, quando foi acusada de ser um dos fantoches de Fuller, terá dito, de forma menos polida, que o produtor era “esperto o suficiente” para saber que não se podia “meter” com ela. O álbum “Frank” foi lançado logo após o vigésimo aniversário de Amy e não foi além do 13º lugar nas tabelas de popularidade, mas a voz da cantora fez-se notar. Foi quando Amy acabou de promover este álbum e se começou a preparar para escrever e interpretar o seu segundo álbum que a cantora conheceu o homem que viria a ser seu marido: Blake Fielder-Civil (um assistente de videoclips musicais). A atracção foi instantânea mas os dois terminariam a sua relação daí a poucos meses (sempre tiveram um relacionamento on-off), tendo Amy caído numa depressão da qual resultou o multi-premiado álbum “Back to Black”. Nos meses a seguir à separação, Amy confessou: “Nunca tinha sentido por ninguém o que senti por ele. Eu achava que nós nunca mais nos veríamos. Quis morrer”. O álbum foi finalmente lançado em 2006 e quando Winehouse começou os concertos promocionais, o sucesso foi quase instantâneo. Por essa altura a música “Rehab” - premonitório do que seria a sua vida a partir daí - esteve 57 semanas no top. O público descobria por esta altura uma artista que cantava directamente das profundezas da sua alma e expunha as suas feridas à vista de todos. Sem medos. Mas a partir de 2007 Amy começou a abraçar o seu lado mais auto-destrutivo. Passou a ser notícia por causa dos seus excessos de álcool e drogas, potenciados pelo facto de ter reatado a sua reacção com Blake Fielder-Civil, que também consumia estupefacientes. Os dois casaram-se em Miami em Maio de 2007. Em Londres, os paparazzi seguiam-na para todo o lado, filmando os seus modos erráticos, as suas tatuagens e a sua imagem de marca: o enorme apanhado de cabelo que lhe compunha o topo da cabeça. O casamento de Amy e Blake criou um mostro de duas cabeças alimentado a drogas duras. No Verão de 2007 Amy sofreu uma primeira overdose e começou uma série de tratamentos de reabilitação.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola homem casamento cantora