Peço desculpa por esta pequena interrupção!
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento -0.23
DATA: 2011-07-24
SUMÁRIO: A mais polémica digressão do momento está em marcha. Ao seu leme está a cantora Amy Winehouse, autora do álbum mais vendido do ano, a estrela mais fulgurante, e improvável, que 2007 já viu. Em Londres, assistimos a um concerto muito semelhante ao retratado no DVD "I Told You I Was Trouble", agora editado.
TEXTO: Parece a digressão dos Sex Pistols há 30 anos. Todos os dias surgem novas polémicas a rodeá-la. Amy Winehouse parece ser Nancy, e o marido, Black Fielder-Civil, o Sid Vicious da história. Só esperamos que não acabem como Sid & Nancy. Não somos apenas nós que o dizemos. Da mãe da cantora às Nações Unidas, o mundo parece estar suspenso sobre o que irá acontecer com Amy Winehouse, estrela mais fulgurante, e mais improvável, de 2007. No entanto, há uma semana, no primeiro dos três concertos londrinos da sua digressão, na mítica Brixton Academy, ninguém diria que iríamos assistir ao espectáculo da mais polémica figura pop do momento. No piso superior predominavam trintões e quarentões com aspecto de que a vida vai muito bem, obrigado. No piso de baixo, a assistência seria um pouco mais jovem, mas nada de adolescentes com vontade de violentar o sistema. Criando uma analogia com o contexto português, dir-se-ia que estávamos perante uma assistência semelhante à que enche os concertos de Caetano Veloso ou Chico Buarque. Respeitinho, portanto. E ela deu-se ao respeito, com um concerto perfeito, sem atrasos, paragens obrigatórias pelo meio ou diálogos acalorados com a assistência. Apenas uma mão cheia de grandes canções, interpretadas de forma correcta por uma grande voz que se fazia acompanhar por um naipe de excelentes músicos, numa reprodução quase fiel daquilo que se pode ver no DVD "I Told You I Was Trouble Live In London", agora editado. Dramas e lendas Como já reflectimos no Ípsilon, nos últimos meses Amy Winehouse não tem largado as primeiras páginas dos jornais e das revistas em todo o mundo. Umas vezes por causa da música, composto de soul, jazz, pop dos anos 60 e ska, exposto no álbum mais vendido deste ano, "Back To Black", agora relançado com um segundo CD contendo recriações de temas conhecidos. Outras vezes, por causa de histórias de hospitais, prisões, curas de desintoxicação, desavenças com namorados e cancelamento de concertos. Não surpreende que, desde o primeiro dia, a actual digressão esteja envolta em polémica. De repente, no ruidoso espaço mediático toda a gente parece ter algo a dizer sobre ela. A família faz apelos para que a deixem em paz, alegando que se encontra debilitada física e mentalmente. O seu "manager" abandonou a digressão, queixando-se que Amy não consegue deixar o consumo de bebidas e drogas e não faz nada para mudar. O organizador do festival Glastonbury, o promotor Michael Davis, sentenciou que Winehouse deveria desistir dos concertos, para recuperar. O compositor Andrew Lloyd Webber defende-a, comparando os seus dramas a lendas do jazz como Ella Fitzgerald, o mesmo acontecendo com quem a admira e quer trabalhar com ela, como George Michael, Missy Elliott ou Prince. O cantor dos Oasis, Liam Gallagher, diz que ela está a ir longe de mais. Até o departamento antidroga das Nações Unidas, em comunicado, censurou o comportamento da cantora, argumentando que contribui para "glamourizar" o consumo de estupefacientes. E uma sua ex-professora surgiu em público a dizer que gostava que ela fosse uma lenda "enquanto viva, e não depois de morta. " E o que faz ela? Bebe, diverte-se, manda bocas, chora, apaixona-se pelo homem errado, dizem fãs, e recusa-se, na canção "Rehab", a frequentar clínicas de reabilitação, com o refrão mais ouvido do ano. Um simples, mas eficaz: "i said no, no, no. " Para ajudar ao turbilhão, o primeiro concerto da digressão, há quinze dias, foi atribulado. Esqueceuse de letras, deixou cair o micro, esteve à beira das lágrimas e dedicou canções ao marido, entretanto preso, acusado de obstrução à justiça, supostamente por ter tentado subornar uma testemunha num caso de agressão. O público é que não gostou e assobiou-a. Ela ripostou, qual criança selvagem, ameaçando os espectadores com os músculos do marido.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homem consumo criança cantora morta