Reconhecimento do CNT foi “um passo muito importante”, diz antigo embaixador da Líbia em Portugal
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.26
DATA: 2011-07-28
SUMÁRIO: O ex-representante do regime de Muammar Khadafi em Lisboa, Ali Ibrahim Emdored, diz que Portugal deu um “passo muito importante” ao reconhecer o Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio como autoridade legítima da Líbia.
TEXTO: “Creio que o passo dado pelas autoridades portuguesas é muito importante. Apesar de um pouco tardia, é uma decisão que ainda vem a tempo”, afirmou à agência Lusa Ali Ibrahim Emdored, que em Fevereiro abandonou o cargo de embaixador do regime de Khadafi em protesto contra a repressão “brutal” exercida sobre o povo líbio por um regime “fascista, tirânico e injusto”. Portugal anunciou nesta quinta-feira o reconhecimento do CNT como autoridade legítima da Líbia – foi o 14. º país da União Europeia a fazê-lo. O órgão que representa os opositores ao regime do coronel que governa a Líbia há mais de 40 anos também já foi reconhecido por 21 países da União Africana e por outros 13 Estados, incluindo Canadá, Turquia e Estados Unidos. Emdored continua em Lisboa e diz que agora representa o CNT. O diplomata congratulou-se com o facto de o novo Governo português ter decidido alterar a sua posição relativamente à Líbia e reconhecer o CNT, não esquecendo, contudo, os vários passos que o anterior executivo socialista tomou e que também já apontavam nesse sentido. “O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, anunciou que o regime tinha acabado e que Muammar Khadafi teria de abandonar o poder. Mas nessa altura o Governo português, que estava em gestão, não tinha condições para reconhecer o CNT”, afirmou Ali Ibrahim Emdored. O novo Governo, que tomou posse em Junho, “manteve essa mesma posição e o povo líbio está muito feliz com este novo passo”, adiantou. “Apreciamos essa decisão, que será benéfica tanto para os líbios como para os portugueses”, enfatizou Emdored, na carreira diplomática há 40 anos. “É uma decisão tanto mais importante quanto Portugal é membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU e um país que, ao contrário do que fizeram a Alemanha ou o Brasil [que se abstiveram na votação], decidiu votar a favor da resolução 1973. Portugal tomou essa decisão, sem a qual não haveria resolução nem protecção para o povo líbio, e por isso estamos muito gratos”, afirmou. Através da resolução 1973 foi aprovada a tomada de “todas as medidas necessárias” para proteger os civis na Líbia, o que abriu caminho à intervenção militar no país que é hoje liderada pela NATO. O Conselho Nacional de Transição é formado pelos rebeldes que combatem o regime de Khadhafi desde Fevereiro, incluindo vários ex-ministros do coronel que governa em Tripoli desde 1969.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU NATO