Países emergentes em risco de serem arrastados para a crise
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-08-10
SUMÁRIO: Depois da crise financeira internacional, os países emergentes foram o pilar da recuperação económica mundial.
TEXTO: Os fluxos de investimento estrangeiro inundaram os novos mercados e a China, a Índia e a Rússia deram o impulso que faltava à Alemanha, ao importarem maquinaria e automóveis da maior economia europeia. Mas agora, com a inflação a disparar e a economia a sobreaquecer, os países emergentes já não são o motor da retoma. E pior ainda: podem ser arrastados no turbilhão e contribuir para a recessão mundial. Na China, a segunda maior potência mundial, os indicadores têm revelado um comportamento misto. A produção industrial está a abrandar, mas a inflação continua a subir, colocando um dilema ao país: manter os preços sob controlo, mas sem prejudicar a economia, que, com o corte do rating dos EUA e com o adensar da crise da dívida europeia, enfrenta cada vez mais ameaças do exterior. Em Julho, a inflação na China disparou para os 6, 5 por cento segundo foi ontem divulgado, atingindo o valor mais alto desde Junho de 2008, quando os preços do petróleo batiam recordes. Ao contrário do que tem acontecido nos últimos meses, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao omitiu ontem o típico refrão do executivo, que elege o combate à inflação como principal prioridade. Mas é pouco seguro que Pequim se prepare para mudar de política monetária e menos seguro ainda que venha a desempenhar o mesmo papel que teve na crise financeira de 2008-2009. Depois do colapso do Lehman Brothers, em 2008, a China foi um dos primeiros países do mundo a lançarem um pacote de estímulo à economia. Mas agora, com a inflação em alta, pode não conseguir dar-se a esse luxo. Ou pode, simplesmente, não o querer. É que, para participar no plano de estímulos, os governos locais tiveram de pedir muito dinheiro aos bancos, o que engordou bastante a sua dívida, que já equivale a 27 por cento do PIB chinês. Desde Outubro, numa tentativa de combater a escalada dos preços, o banco central chinês já subiu cinco vezes as taxas de juro e aumentou por várias vezes as reservas de capital dos bancos, limitando o fluxo de financiamento interbancário e à economia. Também os bancos centrais do Brasil e da Índia têm vindo a subir as taxas de juro para conter os preços. E o outro elemento do grupo dos BRIC - a Rússia - só deixou recentemente de o fazer, devido aos receios de que o abrandamento económico mundial ameace as suas exportações de petróleo e gás. Num claro sinal de que a turbulência mundial está a atingir os mercados emergentes, o Governo liderado por Vladimir Putin garantiu ontem que está pronto a intervir nos mercados, injectando a liquidez que for necessária, para conter as perdas que têm atingido a Bolsa russa. Os mercados asiáticos estão a ressentir-se com o corte do rating americano e a crise europeia, e o grande perigo é que os fluxos de capital estrangeiro acabem tão rapidamente como inundaram os países emergentes no início da crise. Os últimos indicadores da OCDE projectam um abrandamento da economia mundial, com as maiores variações negativas a verificarem-se, precisamente, em dois emergentes: o Brasil e a Índia.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA OCDE