Apelos à calma em Birmingham tentam travar nova onda de violência
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.218
DATA: 2011-08-11
SUMÁRIO: Os confrontos que começaram há quatro dias em Londres alastraram a várias cidades do Reino Unido, mas foi em Birmingham que nesta quarta-feira mais se ouviram apelos à calma. Três homens morreram nesta cidade, atropelados, quando tentavam proteger a sua propriedade. O primeiro-ministro prometeu uma resposta firme, a polícia já deteve mais de 1200 pessoas em todo país.
TEXTO: Em Birmingham ouviu-se um estrondo. Um homem correu para ver o que tinha acontecido, viu três pessoas no chão. Estava longe de imaginar que uma dessas pessoas era o seu filho, de 21 anos, uma das quatro pessoas que até esta quarta-feira morreram nos confrontos no Reino Unido. “Tentei reanimar o meu filho, a minha cara ficou coberta de sangue, as minhas mãos cheias de sangue”, contou Tariq Jahan à BBC. Para além de Haroon Jahan, o filho de Tariq, foram atropelados outros dois homens de 30 e 31 anos, nenhum resistiu. Foram abalroados por um carro em Winson Green quando estavam com um grupo de pessoas que procurava proteger a sua propriedade dos saques que têm sido feitos por grupos de jovens em várias cidades. Muitas lojas foram pilhadas, muitos carros foram incendiados. Estas três mortes juntam-se à de um homem de 26 anos que foi atingido por uma bala no bairro londrino de Croydon, na madrugada de terça-feira, e acabou por morrer no hospital pouco depois. Um homem de 32 anos já foi detido, suspeito de ser o autor do atropelamento em Birmingham. Jahan só pergunta “Porquê? Porquê?”, e adianta: “Não percebo. Estamos aqui para defender a nossa comunidade, ele estava a tentar ajudar esta comunidade. ”Especialistas começaram a analisar o carro que abalroou os três homens de origem asiática, foi iniciada uma investigação por homicídio. Uma testemunha que pediu para não ser identificada contou ao Guardian que o atropelamento foi intencional. “É claro que foi deliberado. Não há forma de ter sido um acidente. O condutor guinou o carro contra o passeio e galgou-o, sabia o que estava a fazer”. Poucas horas depois, era o próprio pai de Haroon Jahan quem tentava apelar à calma. Pediu que não haja vingança e pela morte do mais jovem dos seus três filhos. “Eu não culpo o Governo, não culpo a polícia, não culpo ninguém. Foi o destino dele, e ele agora partiu, disse. “Por que é que temos de nos matar uns aos outros? Eu perdi o meu filho. Se alguém quiser perder um filho que avance. Se não, acalmem-se e voltem para casa. ” Cameron promete resposta firmeEnquanto em Birmingham a indignação subiu de tom, Londres viveu um dia mais calmo, após a mobilização de cerca de 16. 000 polícias para garantir a segurança da cidade. Regressado de férias, três dias após o início da crise, o primeiro-ministro David Camerou prometeu uma resposta firme à violência que também já atingiu Manchester, Salford, Liverpool e Nottingham, e enviou condolências às famílias dos três homens que morreram em Birmingham. Cameron adiantou que a polícia tem apoio legal para recorrer às tácticas necessárias para repor a ordem nas cidades onde se têm verificado episódios de violência, podendo vir a ser usados canhões de água. Após uma reunião com o comité de emergência Cobra, adiantou que “a violência não é simplesmente aceitável e irá ser travada”. E garantiu: “Não iremos permitir uma cultura do medo nas nossas ruas. ”O que tem acontecido é “o pior do Reino Unido”, considerou o primeiro-ministro britânico. “Mas também acredito que vimos o melhor do Reino Unido, quando um milhão de pessoas manifestou no Facebook o seu apoio à polícia, ou quando muitos vieram participar nas operações de limpeza”. O próprio Governo já lançou um site a apelar à cooperação da população e têm sido divulgadas imagens dos confrontos e das câmaras de vigilância para que os autores da violência sejam mais facilmente identificados. Madrugada em Londres foi mais calmaEpisódios de violência pontuais eclodiram na noite de terça-feira em várias cidades inglesas, nomeadamente Birmingham, Liverpool e Manchester, ao passo que em Londres a situação acalmou.
REFERÊNCIAS: