Papa pede aos jovens que não passem ao largo do sofrimento humano
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.05
DATA: 2011-08-20
SUMÁRIO: O Papa Bento XVI pediu a centenas de milhar de participantes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que não passem ao largo do sofrimento. No discurso com que concluiu a via-sacra realizada no centro de Madrid, o Papa afirmou: “Queridos jovens, que o amor de Cristo por nós aumente a vossa alegria e vos anime a permanecer junto dos menos favorecidos."
TEXTO: “Vós que sois tão sensíveis à ideia de partilhar a vida com os outros, não passeis ao largo quando virdes o sofrimento humano, pois é aí que Deus vos espera para dardes o melhor de vós mesmos”, adiantou Bento XVI. Foi um tempo intenso que se viveu em volta da praça Cibeles. Depois de uma tarde em ambiente de Woodstock católico, os participantes da JMJ meditaram sobre os passos de Jesus Cristo antes de ser morto no monte Calvário, em Jerusalém, desde a sua última ceia com os discípulos até ser crucificado. Com a presença de 15 tronos oriundos de diversas cidades de Espanha – sobretudo Andaluzia e Castela-Leão –, o Papa disse que naquelas imagens, onde predomina uma estética barroca, dolorista e pietista, “se harmonizam a fé e a arte para chegar ao coração do homem e convidá-lo à conversão”. E acrescentou: “As diversas formas de sofrimento, que foram desfilando diante dos nossos olhos ao longo da via-sacra, são apelos [a] sofrer com o outro, pelos outros; sofrer por amor da verdade e da justiça; sofrer por causa do amor e para se tornar uma pessoa que ama verdadeiramente. ”Em cada um dos passos ou estações da via-sacra, a cruz das JMJ era transportada por 10 jovens de diferentes proveniências: desde situações de guerra como o Iraque, a Terra Santa, o Ruanda e Burundi, até outros que apoiam doentes de sida ou que são vítimas de desemprego ou ex-toxicodependentes, ou ainda vítimas de catástrofes como no Haiti e no Japão. Também o texto de cada uma das estações fazia referência a essas situações e convidava os jovens a ter presente todas as “vítimas de injustiças, perseguição, marginalização, maus-tratos, pobreza, escravidão e humilhação”. Os textos de meditação recordaram também os imigrantes que são explorados, as pessoas perseguidas por “regimes ateus”, as vítimas de abusos sexuais ou os que morrem de fome – nas últimas semanas, o Papa referiu-se várias vezes à tragédia humanitária no Corno de África e destinou já donativos para ajudar as populações atingidas pela fome. Se os tronos eram esteticamente datados, a música era escolhida de um repertório contemporâneo, onde se destacam os cânticos da comunidade monástica de Taizé (França). Um coro e orquestra de 250 elementos confirmava o cuidado especial que o Vaticano coloca na preparação estética destas celebrações. Finda a via-sacra, o Papa dirige-se ainda para a nunciatura do Vaticano, a sua residência oficial nestes dias em Madrid, continuando a ser aclamado em delírio pela multidão. Os tronos utilizados na Semana Santa, colocados desde manhã cedo no Paseo de Recoletos, serão agora transportados até à praça das Puertas del Sol, onde na quarta-feira decorreu uma manifestação contra os alegados gastos públicos da visita do Papa a Madrid. No caso dos dois que vêm de Málaga, alusivos à traição de Judas e ao Cristo da Boa Morte, ou Cristo dos Legionários, os tronos são transportados por 250 pessoas cada um. Além desses, há tronos de Murcia, Alicante, Madrid, Jaén, León, Jerez de la Frontera, Granada, Zamora, Cuenca, Valladolid e Segóvia. A JMJ terá neste fim-de-semana o seu momento culminante. No aeródromo de Cuatro Vientos, o Papa presidirá a uma vigília, sábado à noite, que inclui uma festa musical, e à missa de envio, no domingo de manhã. No final, Bento XVI irá anunciar que a próxima JMJ decorre no Rio de Janeiro (Brasil), em 2013 (e não em 2014 como seria normal, para evitar a coincidência com o Mundial de Futebol).
REFERÊNCIAS: