Jornalistas deixam o hotel Rixos após vários dias de cerco
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DATA: 2011-08-24
SUMÁRIO: A crise no hotel Rixos acabou – “todos os jornalistas estão fora!”, tuitava o correspondente da CNN, Matthew Chance, que estava entre os 35 estrangeiros detidos no hotel de luxo na capital por forças de Khadafi.
TEXTO: O correspondente dizia ainda: “Estamos a sair do hotel depois de seis dias de pesadelo completo. Mas a situação está ainda precária”. Era o sexto dia em que 35 jornalistas e outros cidadãos estrangeiros estavam mantidos contra vontade no hotel Rixos, no centro de Trípoli, por forças leais ao regime de Muammar Khadafi, que patrulham os corredores fortemente armados e têm atiradores furtivos nos telhados. À frustração de não poderem acompanhar o que se passa nas ruas da capital líbia – desde que os rebeldes lançaram, sábado, a sua ofensiva contra o último bastião do regime – somava-se o desconforto de estarem num dos últimos bastiões do regime, e o nervosismo e a apreensão com a deterioração das condições em que se encontram, com a comida e a água potável a escassear, falhas de electricidade e deficiências sanitárias. “Ainda não é uma crise mas as coisas estão a ficar muito difíceis”, relatava o correspondente da BBC News Matthew Price. E Matthew Chance, da CNN, contava no Twitter esta manhã: “O meu pequeno-almoço foi um Mars”. Imagens difundidas por aquele serviço de microblogging mostram os jornalistas a caminhar em várias partes dentro do hotel, sempre rodeados de guardas armados, ou sentados no chão dos corredores, em desânimo, e envergando coletes à prova de bala, com TV bem indicada em fita adesiva. Price, em declarações áudio transmitidas pelo programa televisivo Today, sublinha que “a situação se deteriorou profundamente durante a noite [passada]”: “Ficou perfeitamente claro que não nos seria permitido sair. Os guardas, que aparentam ser soldados de Khadafi, fortemente armados e muito bem treinados, patrulham os corredores e há snipers espalhados nos telhados. É já o quinto dia daquilo que podemos chamar um cerco e a verdade é que não conseguimos perceber como é vamos sair daqui. É impossível passar pelos guardas e também é impossível saber o que está a acontecer nas ruas para lá do hotel". Com estes relatos a receberem cada vez maior eco na imprensa internacional, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, William Hague, sublinhou que o Reino Unido está a “seguir a situação hora a hora”, no final de uma reunião do Conselho de Segurança Nacional. “Estamos em contacto com os órgãos de comunicação a que [os jornalistas] pertencem, claro. E estamos muito preocupados com a sua segurança. Estamos também aquilo que podemos para ajudar, em contactos com o Conselho Nacional de Transição, e todos mais que possam ajudar”, afirmou. A organização Repórteres sem Fronteiras denunciou já a situação do Rixos como uma tomada de “reféns” por parte das forças de Khadafi, os quais "estão feitos prisioneiros de um regime moribundo que recusa a depor as armas". Em comunicado esta agência de defesa dos direitos dos jornalistas apelou a todas as partes para garantirem o bem-estar das pessoas no hotel e instou o Conselho Nacional de Transição, órgão político da rebelião, a "fazer tudo o que está ao seu alcançe para permitir que os jornalistas façam a cobertura dos combates em liberdade e segurança". Aliás, com os movimentos zelosamente controlados, os “sitiados” no hotel descrevem a ocorrência de “momentos de elevada tensão com os guardas” que os vigiam. “Ainda esta manhã um operador de câmara da ITN viu ser-lhe apontada uma AK-47 à cara para o forçar a recuar quando tentou ir filmar no exterior”, conta Price. A maioria das mais de trinta pessoas no Rixos são jornalistas, sobretudo britânicos e norte-americanos, da BBC, Sky, CNN, Fox, agências noticiosas Reuters e Associated Press, e também de uma televisão chinesa. Mas ali estão também outros civis estrangeiros, incluindo um congressista norte-americano e um deputado da Índia. Nos primeiros dias da batalha de Trípoli temeu-se que estas pessoas pudessem ser usadas como escudos humanos pelas forças leais a Khadafi.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos humanos