Khadafi volta a pedir aos líbios que expulsem “os ratos e infiéis”
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DATA: 2011-08-26
SUMÁRIO: A estação de televisão Al-Orouba, descrita como leal ao regime, transmitiu quinta-feira uma nova mensagem de Muammar Khadafi na qual o ditador líbio volta a apelar aos seus seguidores que expulsem “os ratos e infiéis”. “A Líbia é para os líbios, não para agentes estrangeiros”, disse.
TEXTO: O coronel que governou a Líbia durante mais de 40 anos, e que vê agora o seu regime chegar ao fim após a chegada dos rebeldes a Trípoli, apelou aos líbios, numa mensagem de áudio, para que se desloquem para a capital para a “purificar” e combater os rebeldes, que qualificou como “ratos” e “infiéis”. Tem sido este o teor das mensagens de Khadafi desde que os opositores chegaram a Trípoli, no domingo à noite, um apelo à violência e uma recusa da derrota, quando os rebeldes dizem já controlar 95 por cento da capital. A cidade foi tomada mas Khadafi continua por capturar. Sirte, a sua cidade natal, é um dos locais em que se acredita que possa estar escondido, e é daí que, segundo a Reuters, terá sido enviada esta mensagem. Khadafi dirigiu-se aos apoiantes, pediu-lhes que expulsem os “agentes estrangeiros” e adiantou: “A Líbia é para o povo líbio e não para agentes, não para o imperialismo, não para a França, não para Sarkozy, não para Itália”. Trípoli, disse, “é para vocês, não para aqueles que confiam na NATO”. Os líbios devem “lutar e destruir” os rebeldes em Trípoli, adiantou Khadafi, que disse ainda aos seus apoiantes para saírem à rua e trazerem “as mulheres e as crianças”. Tal como em outras mensagens, e mesmo depois de ter visto invadido o seu complexo militar em Trípoli, Khadafi voltou a apelar à violência. “É preciso resistir contra esses ratos inimigos, que serão vencidos pela luta armada”. Khadafi não aparece em público desde Junho. Este discurso gravado em áudio foi divulgado horas depois de um numeroso grupo de rebeldes ter cercado um bloco de apartamentos em Trípoli, perto do complexo fortificado de Bab al-Aziziyah, onde acreditam que Muammar Khadafi estará escondido. O paradeiro do coronel é uma das principais incógnitas na Líbia, mas Khadafi tem-se feito ouvir através da estação Al-Orouba, que tem sido descrita como lealista mas cuja proveniência se desconhece. Poderá ser um canal que transmite em conjunto com uma emissora kuwaitiana ou síria, segundo vários relatos. Também se desconhece a dimensão das forças leais a Khadafi ou dos seus apoiantes. Shukri Ghanem, um antigo primeiro-ministro e ministro do Petróleo líbio que em Maio se juntou à rebelião, disse à BBC que “muito, muito poucas pessoas apoiarão Khadafi agora”. E adiantou: “É importante capturá-lo porque isso irá pôr um fim aos receios de uma nova guerra civil”. Os rebeldes já ofereceram amnistia a quem capturar o coronel, numa tentativa de aliciar o círculo próximo de Khadafi, e um empresário líbio cuja identidade não foi divulgada também já ofereceu uma recompensa de 1, 7 milhões de dólares. Os homens próximos de Khadafi têm-se esforçado por fazer crer que este ainda detém poder. Moussa Ibrahim, porta-voz do coronel, telefonou à Associated Press no Cairo para garantir que Khadafi está na Líbia e que a moral das suas forças “está em alta”. Khadafi, disse, “está a liderar a batalha pela liberdade e independência” da Líbia. A proveniência da mensagem não pôde ser confirmada em absoluto, mas a Associated Press adiantou ter ficado convencida de que a voz do outro lado do telefone era a de Ibrahim. Rebeldes avançam na frente LesteOs rebeldes tentam agora ganhar terreno na frente Leste, rumo a Sirte, para onde recuaram também as forças de Khadafi, enquanto em Trípoli ainda decorrem confrontos. O correspondente da BBC que se encontra já próximo de Sirte, Paul Wood, disse ter ouvido vários relatos, inclusive na rádio, de execuções dos rebeldes prisioneiros que foram levados para a cidade e estariam a ser enterrados numa vala comum. Poderá ser propaganda, adiantou Wood, mas seja verdade ou não “isto irá tornar certamente muito mais difícil chegar a um acordo e negociar um final pacífico para os confrontos em Sirte”.
REFERÊNCIAS:
Entidades NATO