Rússia e China vetam na ONU resolução contra Síria, Turquia vai aplicar sanções
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DATA: 2011-10-05
SUMÁRIO: A Turquia anunciou esta quarta-feira que vai impôr unilateralmente sanções à Síria, apesar de a Rússia e a China terem chumbado uma resolução no Conselho de Segurança da ONU nesse sentido.
TEXTO: “O veto não pode impedir sanções”, disse o primeiro-ministro turco, Recep Erdogan, durante uma visita à África do Sul. “Vamos implementá-las”, disse Erdogan citado pela Reuetrs, avançando que serão anunciadas nos próximos dias, quando visitar um dos campos de refugiados sírios na Turquia. A recomendação que esteve em votação no Conselho de Segurança na terça-feira à noite foi uma iniciativa da União Europeia. O texto foi bastante suavizado em relação à sua versão inicial, de forma a cativar os votos da Rússia e da China. Condenava o Presidente sírio, Bashar al-Assad, e pedia o fim do seu regime de 11 anos. Deixava em aberta a questã das sanções, mas sublinhava que estas seriam aplicadas caso Assad não mudasse de atitude. A França considerou esta versão do texto “insuficiente”. Mas, diz a AFP, aceitou-o em nome do consenso e depois de recusar a inclusão de uma frase, a pedido da Rússia, atribuindo a ambas as partes, Governo e manifestantes, a culpa pela violência síria. Porém, os dois países vetaram a resolução, oferecendo uma vitória diplomática a Assad e alentando-o, pelo menos a curto prazo, a prosseguir a sua estratégia de repressão dos protestos. O embaixador russo, Vitaly Churkin, disse que Moscovo se opôs à resolução porque a consequência da sua aprovação poderia ser uma intervenção militar ocidental idêntica à que ainda decorre na Líbia. Já o enviado da China, Li Baodong, explicou que o seu país é contra a “interferência nos assuntos internos” sírios. Em Paris, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé, disse que terça-feira foi um “dia triste” para povo sírio e para o Conselho de Segurança. E deixou no ar a ideia de que o Ocidente poderá aplicar as suas prórpias sanções enquanto continuará a bater-se por um embargo chancelado pelas Nações Unidas. “Este veto não nos vai parar. Um veto não pode dar carta branca às autoridades sírias”, disse também o embaixador francês na ONU, Gerard Araud. Do lado americano, surgiram também indicações de que a orientação do Conselho de Segurança poderá ser contornada com iniciativas nacionais. A embaixadora dos Estados Unidos da América, Susan Rice, disse que o seu país está "escandalizado" pelo que se passa na Síria e que chegou o momento de serem adoptadas "sanções duras" contra Damasco. Assad conseguiu no passado manobrar de forma a manter o seu país apetecível para o Ocidente enquanto mantinha uma aliança estratégica com o Irão. A repressão das manifestações, com os militares e a artilharia pesada nas ruas a dispararem contra os cidadãos, mudou o paradigma sírio e Presidente ficou isolado. A Rússia e a China são os países que detém uma maior cota de concessões de exploração do petróleo sírio e, por isso e para travar a possível crescente influência do Ocidente no Médio Oriente, vetaram a recomendação e vetarão sanções. O embaixador russo, Vitaly Churkin, disse que Moscovo se opôs "firmemente" à resolução porque a consequência da aprovação poderia abrir caminho a uma intervenção militar idêntica à que ainda decorre na Líbia. Do lado chinês veio a explicação de que Pequim não aceita "interferências nos assuntos internos" sírios. A economia da Síria depende de existirem ou não sanções dirigidas ao seu pequeno mas vital sector petrolífero, controlado pela família Assad e pela pequena elite de governantes. No mês passado, a Síria proibiu as importações de forma a não delapidar a sua reserva de divisas. Mas na terça-feira essa proibição foi anulada devido a um aumento nos preços e à pressão dos empresários mais influentes, todos próximos de Bashar al-Assad.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU