Especialistas dos EUA desaconselham exames à próstata em homens saudáveis
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2011-10-07
SUMÁRIO: Um painel de peritos dos Estados Unidos defende que os homens saudáveis não devem ser submetidos a uma análise sanguínea ao PSA, que avalia os níveis do antigénio específico da próstata e serve de indicador para algumas patologias desta glândula. Na opinião dos peritos, este tipo de testes muitas vezes traduz-se em mais exames e tratamentos invasivos, que muitas vezes causam dor, impotência e incontinência.
TEXTO: A medição dos níveis desta proteína no sangue desde há uma década que se tornou num exame rotineiro para despistar alguns problemas de próstata, nomeadamente a existência de tumores. O teste foi aprovado há 15 anos pela Food and Drug Administration (FDA), organismo dos Estados Unidos responsável por regular o sector. Em Portugal é também uma das análises de rotina para despiste de eventuais problemas e, mesmo recentemente, têm sido feitas várias campanhas direccionadas para os homens com mais de 50 anos ou com casos de doenças da próstata na família abordarem o médico sobre o assunto. Isto numa altura em que o cancro da próstata é o mais frequente nos homens portugueses, com quatro mil novos casos por ano e 1800 mortes. No entanto, agora um painel de peritos da “Preventive Services Task Force” dos Estados Unidos emitiu uma recomendação, avançada pelo jornal The New York Times, que contraria as actuais práticas e que defende que analisar os níveis de PSA não salva mais vidas. A conclusão dos especialistas surge após a análise dos dados de cinco ensaios clínicos e pode vir a mudar a abordagem utilizada pelos médicos perante homens de 50 ou mais anos, já que é tradição que as recomendações deste grupo sejam adoptadas. Há dois anos, por exemplo, a “task force” recomendou que as mulheres na casa dos 40 anos deixassem de ser submetidas a mamografias de rotina, considerando que os riscos ultrapassavam os benefícios. “Infelizmente, a evidência científica mostra-nos que este teste de PSA não está a salvar vidas nos homens”, explicou ao mesmo jornal Virgínia Moyer, do Baylor College of Medicine e do grupo responsável pela recomendação. “Este teste não nos consegue dizer a diferença entre cancros que vão ou não afectar os homens durante a sua vida. Precisamos de encontrar um outro que o faça”, acrescentou, adiantando que muitas vezes estes testes detectam alterações inespecíficas que levam a intervenções prejudiciais para os homens e com resultados duvidosos. É que além do cancro, existem muitas outras doenças da próstata que podem fazer subir o PSA, como, por exemplo, uma inflamação da próstata, designada por “prostatite”, um aumento, mesmo benigno, do tamanho da próstata ou uma infecção das vias urinárias. O anúncio já recebeu, porém, algumas críticas por parte das associações de doentes, que acusam os especialistas de terem apenas preocupações economicistas, e o próprio grupo de peritos diz esperar resistências por parte da indústria farmacêutica e de outros intervenientes no sector da saúde.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens mulheres