Nobel distingue “guerrilheira da paz” e “Dama de Ferro” liberianas
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-10-07
SUMÁRIO: A liberiana Leymah Gbowee é uma militante pacifista que contribuiu para pôr fim às guerras civis que devastaram o seu país até 2003. Ellen Johnson Sirleaf entrou para a História ao tornar-se, em 2006, a primeira Presidente eleita em África, à frente dos destinos da Libéria.
TEXTO: Gbowee recebeu a alcunha de “vermelha” por causa da sua pele mais clara, recorda Gbowee num livro autobiográfico publicado em Setembro, “Mighty Be Our Powers: How Sisterhood, Prayer, and Sex Changed a Nation at War”. Depois de se envolver nos movimentos de não-violência esta mulher corpulenta da etnia Kpellé, encontrou outro nome na cena internacional: “A guerrilheira da paz”Contra os demónios da guerra, Leymah Roberta Gbowee, recorreu à oração. Exortou as mulheres a fazer como ela, a rezar pela paz – o que as liberianas fizeram sem distinção de religião, muitas vezes vestidas de branco. O movimento de oração ganha amplitude durante o conflito (1989-2003), até que culmina numa greve de sexo, que obriga o regime de Charles Taylor a associá-las às negociações de paz. Gbowee “é mais do que corajosa. Ela dominou a ‘tempestade’ Charles Taylor, obrigando-o a ir para a paz numa altura em que a maioria de nós, homens, fugíamos para salvar as nossas vidas”, disse à AFP Nathan Jacobs, um liberiano de 45 anos. Depois de ter iniciado uma rebelião em Dezembro de 1989 contra o regime do Presidente liberiano Samuel Doe, Charles Taylor domina em poucos meses a quase totalidade do país, fazendo-se eleger Presidente em 1997. Confrontado depois com uma insurreição armada, Taylor é obrigado a deixar o poder e o país em 2003, pressionado pela rebelião e a comunidade internacional. Assistente social, Leymah Gbowee acompanha diariamente durante a guerra as crianças-soldado e chega à conclusão que “a única maneira de mudar as coisas, do mal para o bem, era nós mulheres e mães destas crianças levantarmo-nos e caminharmos na direcção certa”, recorda Gbowee, que é hoje mãe de seis filhos, a viver no Gana desde 2005. “Não há nada que leve alguém a fazer aquilo que eles fizeram com as crianças da Libéria”, que foram drogadas, armadas e transformadas em máquinas de matar, explica a Prémio Nobel num documentário sobre o combate das mulheres liberianas pela paz “Pray the Devil Back to Hell”. A luta das liberianas pela paz “não é uma história de guerra tradicional. Trata-se de exército de mulheres vestidas de branco, que se levantaram quando mais ninguém o fez, sem medo, porque as piores coisas imagináveis já nos tinha acontecido”, escreve Gbowee no seu livro. Ellen Johnson Sirleaf, primeira Presidente em África e Nobel da PazEllen Johnson Sirleaf, 72 anos, entrou para a História ao tornar-se, em 2006, a primeira Presidente eleita em África, à frente da Libéria, país que viveu 14 anos de guerras civis. Desde que tomou posse, Sirleaf tem procurado estreitar laços com as instituições financeiras internacionais que conhece bem. Economista formada em Harvard, esta mãe de quatro filhos e avó de oito crianças trabalhou para as Nações Unidas e para o Banco Mundial. Ministra das Finanças dos Presidentes William Tubman e William Tolbert nos anos 1960 e 1980, o seu objectivo é acabar com a dívida e levar os investidores a reconstruir a Libéria, algo que, em parte, conseguiu. A luta contra a corrupção e pelas profundas reformas institucionais na mais antiga República da África subsaariana, fundada em 1822, sempre foi o cerne da sua actividade política. Este combate, que lhe valeu ser chamada “Dama de Ferro”, não foi fácil. Por duas vezes foi detida, nos anos 1980, no regime de Samuel Doe. No seu país, Ellen é criticada por não ter cumprido as suas promessas nas áreas sociais da economia e, sobretudo, de não ter estado mais empenhada a favor da reconciliação nacional. Ellen vai tentar recandidatar-se às eleições presidenciais marcadas para a próxima semana na Libéria.
REFERÊNCIAS:
Partidos BE