Quase metade dos portugueses não comprou uma única peça de roupa no 1º semestre
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DATA: 2011-10-19
SUMÁRIO: Crise está a alterar hábitos dos consumidores, que escolhem os produtos mais baratos e levam cada vez mais o almoço de casa para o escritório, segundo um estudo da Kantar Worldpanel.
TEXTO: No primeiro semestre 47% dos portugueses não compraram uma única peça de vestuário por contenção de despesas, mais 3, 8 pontos percentuais do que em idêntico período do ano passado. De acordo com um estudo da Kantar Worldpanel, apresentado esta manhã, as compras de roupa em Portugal caíram 1, 3% em volume entre Janeiro e Junho. Os portugueses compram menos, mas quando o fazem optam por fazê-lo em maior quantidade, aproveitando as promoções. As vendas online representam 1% do valor total do mercado, revela o mesmo estudo. No grande consumo, a crise já está a levar menos portugueses aos centros comerciais, numa tentativa de travar as compras por impulso: as visitas aos shoppings caíram 8, 8 por cento este ano, face ao ano passado, e 20% em comparação com 2007. De uma forma geral, e depois de um forte travão nos primeiros três meses do ano, o segundo trimestre foi marcado por uma “pequena recuperação no consumo no lar”, afirmou Paulo Caldeira, director de comunicação da Kantar Worldpanel. Compra-se o mesmo, gasta-se menos por cada acto de compra e vai-se mais vezes ao supermercado. “Independentemente dos aumentos de preços, nas suas escolhas o consumidor consegue que o impacto [na conta] não seja tão grande”, destaca. Há três estratégias que têm sido utilizadas para contornar a crise: aproveitar as promoções, comprar mais produtos de marca da distribuição e substituir um produto por outro (por exemplo, em vez de comprar carne de vaca, optar pelo frango). A quota das marcas próprias chega aos 36, 6% no consumo em geral e aos 40% na alimentação. Tendo em conta os efeitos das medidas de austeridade, incluindo o aumento do IVA, a Kantar estima que a quota global destes produtos possa chegar aos 42%. A categoria de produto que mais subiu nas vendas no primeiro semestre foi o take away (6, 3% de aumento em valor face ao ano passado). As bebidas aumentaram em volume (1, 1%), mas desceram em valor (0, 9%), o que significa que os portugueses estão cada vez mais atentos aos preços. “Fazem-se mais refeições em casa, mas devido aos problemas de falta de tempo também se opta pelas refeições económicas já prontas”, diz Paulo Caldeira. Quase 60% dos lares portugueses estão a gerir com mais cuidado as suas despesas diárias e 22% admitem que já têm dificuldade em comportar despesas essenciais (eram 19% em 2010). Este grupo de consumidores mais prejudicados pela crise já leva almoço para o trabalho, mudou a loja onde habitualmente faz compras e passou a comprar outras marcas. De acordo com o estudo, o peso dos supermercados Lidl e Minipreço nestes consumidores é maior. A tendência de fazer mais comida em casa deverá manter-se em 2012, avança Sónia Antunes, directora da Kantar Worldpanel em Portugal.
REFERÊNCIAS: