Dentes de dinossauros revelam grandes migrações durante o Jurássico
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.8
DATA: 2011-10-27
SUMÁRIO: Imagine um grupo de camiões tir de 20 metros, com patas, pescoço comprido e cauda a atravessar uma distância equivalente à largura de Portugal, em busca de comida. Os saurópodes faziam isso durante o Jurássico. Um estudo publicado na edição desta quarta-feira da Nature, que analisou dentes destes répteis gigantes, comprovou esta teoria antiga.
TEXTO: Os saurópodes eram os grandes animais terrestres herbívoros do seu tempo. Os Camarasaurus, as espécies estudadas por Henry C. Fricke e pelos seus colegas, da Universidade do Colorado, tinham 20 metros e 18 toneladas. Em comparação um elefante africano macho com seis toneladas seria um anão. Mas havia espécies muito maiores. Estes animais precisavam de enormes quantidades de vegetação diária e os paleontólogos teorizaram durante anos que só com migrações é que seria possível manterem-se alimentados. “Em teoria não é assim tão surpreendente”, disse Fricke citado num artigo noticioso da revista Nature, acrescentando que se ficassem no mesmo local ao longo da vida não haveria vegetação e saurópode que resistisse. “Agora temos provas que mostram [que eles migravam] e um método que pode ser utilizado para estudar outros dinossauros. ”A investigação analisou 32 dentes de duas espécies deste género de saurópodes, que viveriam entre os 160 e os 145 milhões de anos atrás, no Jurássico superior, na região do Wyoming e Utah. Os dentes dos saurópodes estão sempre a crescer e a cair. O oxigénio que é utilizado na formação do esmalte é o que vem da água. Este oxigénio no esmalte retém os rácios dos isótopos 16 e 18 que estão na água. A base do dente, a parte mais nova, contém elementos da água que o dinossauro bebeu mais recentemente. Este rácio de oxigénio também existe na formação das rochas sedimentares. Os investigadores tiraram amostras dos sedimentos onde os dentes foram descobertos – que será o mesmo local onde os dinossauros morreram –, e o rácio não batia certo. Quando procuraram por locais à volta com o mesmo rácio dos isótopos, concluíram que esses locais eram distantes, chegavam a estar a 300 quilómetros do local onde os répteis tinham morrido. Os cientistas concluíram que estes saurópodes viajavam das regiões de planície para regiões mais montanhosas na direcção Este-Oeste, onde nas alturas mais secas, haveria água e vegetação para alimentá-los. O próximo passo é utilizar esta técnica para tentar perceber o que é que acontecia aos animais que dependiam destes herbívoros. “Os [dinossauros] que estamos realmente interessados agora são os carnívoros [associados a estes saurópodes]”, disse Fricke. “A questão é se ficavam no mesmo local, à espera dos herbívoros, ou se os seguiam durante a migração. ”
REFERÊNCIAS: