Japão e Níger: os problemas dos extremos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-10-31
SUMÁRIO: Envelhecimento pressiona sistemas de saúde e protecção social das sociedades desenvolvidas. Nos países pobres com maior crescimento populacional, a questão alimentar é o primeiro problema.
TEXTO: Muitos vestiram quimonos e ouviram discursos de parabéns em cerimónias organizadas pelas autoridades locais. Muitos acabaram a noite daquela segunda-feira de Janeiro a beber álcool e a vagabundear, sem as restrições que lhes eram impostas quando menores. Era o Seijin shiki, dia de festa no Japão, feriado tradicional que este ano assinalou a chegada à maioridade de 1, 24 milhões de jovens que completaram 20 anos nos 12 meses anteriores. Mas, desta vez, os responsáveis governamentais japoneses tinham, como então assinalou o diário britânico The Guardian, poucos motivos para celebrar. O número de "novos adultos" caiu para metade dos 2, 46 milhões de 1970. O grupo em festa não chegava a um por cento do total da população - sinais por de mais evidentes de uma tendência que se tem vindo a acentuar: o envelhecimento das sociedades mais desenvolvidas. O Japão, onde a média de idade é de 44, 7 anos, a mais alta do mundo, é o caso mais notório - embora esteja longe de ser único - dessa tendência. É por isso um verdadeiro laboratório dos desafios que o envelhecimento coloca à economia e aos sistemas de protecção social. Já no árido Níger, na transição do deserto para a África subsariana, onde a idade média da população é de 15, 5 anos, a mais baixa do mundo, os problemas são de outro tipo. Desde logo conseguir alimentar uma população de 16, 1 milhões de pessoas, que não pára de crescer. As previsões das Nações Unidas apontam para um aumento de 3, 5% no período 2010-2015. A realidade de um país com uma economia de subsistência, frequentemente abalada pelas secas, é bem ilustrada pelo caso da família de Souley Adam, contado há dias pela rádio alemã Deutsche Welle. Vive com os oito filhos e duas mulheres na pequena aldeia da região de Maradi. São 11 pessoas para alimentar e a décima-segunda vem a caminho. "Se encontrar trabalho, pode alimentar a sua família durante alguns dias, senão é difícil", disse Souley. Sinais de alarmeA melhoria dos cuidados de saúde e a diminuição da fertilidade - 42 por cento da população mundial vive em países em que os nascimentos não chegam para a renovação geracional - ajudam a compreender o envelhecimento das sociedades desenvolvidas. No Japão, como em boa parte dos países da Europa, ou na China, o envelhecimento cria problemas que se tornam a cada dia mais evidentes. Os nipónicos que têm acima de 65 anos são mais de um quarto da população, o que exige crescentes cuidados e coloca desafios à sustentabilidade do crescimento económico e dos sistemas de pensões. A actual situação do Japão, onde a esperança média de vida é de 80 anos para os homens e 87 para as mulheres, é em parte explicada pelas políticas de controlo de natalidade adoptadas no fim da década de 1940. A fertilidade atingiu um mínimo de 1, 26 filhos por mulher em 2005 e registou uma ligeira subida para 1, 39 em 2010, segundo o Ministério da Saúde e Segurança Social. Mas está longe, muito longe, dos 2, 1 necessários à renovação geracional. Os jovens tendem a constituir família e a ter filhos cada vez mais tarde, o que se tornou um problema. Num país de 126, 5 milhões de pessoas, com uma imigração quase residual, a previsão de crescimento populacional no período 2010-2015 é de 0, 1 por cento negativo. Outro dado que ilustra o tipo de desafios que se colocam às sociedades mais desenvolvidas: por cada cem japoneses entre os 20 e os 64 anos, há 38 com mais de 65. E o número poderá subir para 70 em 2030.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens imigração mulher social mulheres