O reformador que se revelou um falcão do regime
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DATA: 2011-11-19
SUMÁRIO: Saif al-Islam, 39 anos, o filho mais influente do antigo líder líbio Muammar Khadafi, de quem se dizia que seria o seu sucessor natural, sempre foi apresentado ao mundo como “um reformador”, antes de se tornar no símbolo da repressão sangrenta da revolta popular que levou à queda do regime de Trípoli.
TEXTO: Estava em fuga desde 23 de Agosto, data em que Tripoli foi conquistada pelas tropas do Conselho Nacional de Transição. Continuou em fuga quando o seu pai foi morto em Sirte a 20 de Outubro e agora foi capturado no deserto perto da fronteira com o Níger. Figura influente do regime com ares de playboy, Saif mostrava-se ao mundo como alguém que queria normalizar as relações com o Ocidente e modernizar o seu país. Mas desde o início da revolta popular contra o regime nunca deixou de utilizar uma linguagem bélica, mostrando-se disposto a tudo para salvar o regime ditatorial do seu pai. “Não deixaremos a Líbia e vamos combater até ao último homem, até à última mulher e até à última bala”, disse no dia 20 de Fevereiro, evocando uma conspiração do Ocidente contra o seu país. Dado como capturado em Agosto pela rebelião, reapareceu sorridente e desafiador a passear-se nas ruas de Trípoli. O Tribunal Penal Internacional acusou-o de crimes contra a humanidade no dia 27 de Junho, por desempenhar um papel central na “execução de um plano”, concebido pelo seu pai, para “reprimir por todos os meios” a revolta popular. Saif não ocupava nenhuma função oficial propriamente dita mas por diversas vezes representou a Líbia no quadro de negociações internacionais, nomeadamente nos acordos de indemnizações às famílias das vítimas do atentados de Lockerbie em 1998 e do DC-10 da UTA em 1989. Apresentando-se como embaixador humanitário tanto na Líbia como nos quatro cantos do mundo através da associação de caridade que criou em 1997, também foi interveniente na mediação do caso das enfermeiras búlgaras que foram libertadas em 2007. Falava inglês, alemão e um pouco de francês, exprimia-se com calma e ponderação e era visto na imprensa estrangeira como o novo rosto respeitável de um regime ditatorial acusado de apoiar o terrorismo. Saif al-Islam lançou uma campanha para a abertura do seu país aos media privados e em 2008 inaugurou o primeiro canal privado de televisão e os dois primeiros jornais privados da Líbia. Gosta de pesca submarina, de caça com falcões e de andar a cavalo. Batalhou contra a burocracia para impor reformas, sublinhando que intervinha nos assuntos de Estado por “obrigação”, já que o país não tinha instituições capazes. Nascido no 25 de Junho de 1972 em Trípoli, “a espada do Islão” – o seu nome em árabe – é o filho mais velho da segunda mulher de Khadafi e o segundo dos seus oito filhos. Celibatário, estudou gestão em Viena e em Londres, onde obteve um doutoramento (que este ano foi fortemente questionado) na influente London School of Economics.
REFERÊNCIAS: