Stalking: Perigo para mulheres jovens e sozinhas
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 1.387
DATA: 2011-11-26
SUMÁRIO: O primeiro estudo sobre o fenómeno de assédio persistente em Portugal foi apresentado nesta sexta-feira. Reclama-se legislação capaz de abarcar todas as formas de stalking e, sobretudo, de punir este crime.
TEXTO: Ser mulher, solteira ou separada/divorciada e jovem são os factores de risco para a vitimação por stalking, segundo o primeiro estudo realizado em Portugal sobre este fenómeno que se define por uma perseguição ou um “assédio persistente”. O trabalho, coordenado pela investigadora da Universidade do Minho, Marlene Matos, foi apresentado hoje e conclui que 19, 5 por cento das 1210 pessoas (homens e mulheres) inquiridas já foram vítimas de perseguição. O stalking é definido como um “padrão de comportamentos de assédio persistente que integra formas diversas de comunicação, contacto, vigilância e monitorização de uma pessoa-alvo por parte de outra – o/a stalker”. Tentativas insistentes de entrar em contacto por cartas, telefonemas ou emails, perseguir, agredir, ameaçar, filmar ou tirar fotografias sem autorização, invadir ou forçar a entrada em casa, são algumas das muitas formas de stalking. Marlene Matos defende a criação de legislação em Portugal para punir criminalmente o stalking, um “assédio persistente” cujas principais vítimas são as mulheres. “Em Portugal, o stalking não é crime, mas há necessidade de criar legislação específica para este fenómeno, à semelhança do que já acontece em vários outros países”, sustenta a investigadora, que gostaria de ver criada “legislação que inclua todas estas formas intrusivas”. De acordo com as conclusões do estudo realizado na Universidade de Minho, as mulheres (67. 8 %) são as principais vítimas destas várias formas de perseguição e os homens são os principais stalkers (68 %). Na maior parte das vezes o stalker é alguém conhecido (40, 2 %) ou ex-parceiro da vítima (31, 6%). Apenas 24, 8 % dos inquiridos declarou que o stalker era um desconhecidoO risco de ser vítima de stalking é maior entre os 16 e 29 anos (26, 7 % numa amostra de 80 pessoas) do que nos anos seguintes, entre os 30 e 64 anos, onde a prevalência baixa para os 20, 3% numa amostra de 138 pessoas. Acima dos 65 anos a prevalência encontrada nas 18 pessoas inquiridas foi de 7, 8 %. As três formas mais declaradas de stalking neste estudo foram as tentativas de entrar em contacto (79, 2 %), o “aparecer em locais habitualmente frequentados pela vítima” (58, 5%) e ser perseguido (44, 5 %). Em média, as vítimas são alvo de mais de três comportamentos que podem ser definidos com stalking. “Genericamente, homens e mulheres relatam os mesmos comportamentos de vitimação. Duas excepções para “ser filmado ou tirar fotografias de forma não autorizada” que foi uma experiência mais comum entre os homens e “ser perseguido” que foi um comportamento de vitimação mais frequente nas mulheres”, refere o estudo. Independentemente do sexo da vítima, a perseguição tende a prolongar-se entre as duas semanas (21, 7 por cento) e os seis meses (31, 9 por cento). “À medida que a intimidade da relação aumenta, aumenta a duração do stalking”, verificou o estudo notando ainda que “as agressões à vítima ou a terceiros ocorreram principalmente quando a duração do stalking foi superior a dois anos”. As vítimas declararam ter sido afectadas na sua saúde psicológica (36, 6 %) e no estilo de vida (25, 4 %) e apenas 40 % procurou algum tipo de apoio, sendo que os pedidos de ajuda partiram sobretudo das mulheres (48, 1 % vs 25 %). E a quem pediram ajuda? Em primeiro lugar a amigos (66, 7 %), seguidos dos familiares (64, 6%) e dos colegas de trabalho/estudo (30, 2 %). Apenas 26 % optaram por recorrer às forças de segurança e 21, 9 % a profissionais de saúde.
REFERÊNCIAS:
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