Familiares dos pescadores resgatados com vida falam em “milagre”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.1
DATA: 2011-12-03
SUMÁRIO: Os familiares dos pescadores das Caxinas resgatados hoje após mais de 48 horas numa balsa em alto mar dizem que foi “um milagre” terem sido encontrados com vida.
TEXTO: Esta era a justificação mais ouvida, ao início da tarde de hoje, pela população das Caxinas, que não quis deixar de se despedir dos familiares das vítimas deste acidente que viajaram até Leiria, num autocarro disponibilizado pela Câmara Municipal de Vila do Conde, para se encontrarem com os pescadores e trazê-los de regresso a casa. Da tripulação do Virgem do Sameiro fazia parte o mestre José Manuel Coentrão, de 46 anos, Prudenciano Pereira, de 48, António Maravalhas, de 44, e Manuel Navegante, de 50 anos, todos das Caxinas. A bordo seguia ainda João Coentrão, de Aver-o-mar, na Póvoa de Varzim, e ainda um cidadão de 30 anos, nacionalidade ucraniana, residente na Figueira da Foz. Poucos minutos antes da partida para Leiria, Ana João, filha de António Maravalhas, não conseguia esconder o contentamento de, dentro de poucas horas, “poder abraçar o pai”. “Porque esta manhã pensei que nunca mais o ia ver”, disse. Já o pai deste pescador também não conseguia conter as lágrimas e ia dizendo que sempre manteve a “confiança que tudo ia acabar bem”. Dizem que “as Caxinas estão condenadas à morte, mas isto foi um verdadeiro milagre”, frisou ainda entre sorrisos e lágrimas. Também Marta Ferreira, sobrinha de Prudenciano Pereira, manteve a esperança que o tio “ia chegar a Vila do Conde são e salvo”. Menos optimista estava a mulher deste pescador que passou as últimas horas a “rezar” para que o marido fosse encontrado vivo, mas a expectativa era “pouca ou nenhuma”. Aliás, o luto já era bem visível ao início da manhã de hoje em algumas casas dos pescadores resgatados. A notícia de que tinham sido encontrados sãos e salvos chegou às Caxinas pouco passava das 11h00 e foi dada pelo presidente da Junta de Freguesia de Vila do Conde. José Maria Postiga recebeu um telefonema e comunicou de imediato a alguns dos familiares que “saíram para a rua a gritar. Foi uma festa muito grande”, contou o autarca, dizendo também que este episódio “foi um verdadeiro milagre”. Depois de fazerem exames médicos, os pescadores serão alimentados e devem regressar “ao final da tarde de hoje a casa”, garantiu o presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde que fez questão de acompanhar a partida do autocarro onde viajam os familiares dos pescadores. “Esta comunidade tem sido sempre fustigada pela tragédia, cheguei a pensar que esta seria mais uma”, disse Mário Almeida. A maior comunidade piscatória do país, as Caxinas, viveu hoje sentimentos antagónicos, porque o luto e a tristeza deram lugar a um ambiente de grande festa. Alguém dizia hoje de manhã que “o mar estava à espera de comer, mas deu-se um milagre e não comeu”, porque, pelo menos desta vez, os caxineiros foram poupados de mais uma tragédia. Os pescadores resgatados devem chegar a Vila do Conde ao final da tarde, onde serão esperados por toda a população.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte filha mulher comunidade luto