O comentário na TV é demasiado masculino
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento 0.1
DATA: 2011-12-12
SUMÁRIO: “São maioritariamente homens, jornalistas e políticos.” Dos 2158 convidados chamados a comentar a actualidade informativa nos seis canais (três generalistas e três de notícias) entre Setembro de 2010 e Junho de 2011, apenas 16 por cento, ou seja 346, eram mulheres.
TEXTO: “A extrema marginalização das mulheres no espaço de comentário televisivo é comum a todos os canais e não apresenta variações significativas”, afirma Carla Baptista, professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. No artigo “Mulheres (quase) não entram nos estúdios da televisão portuguesa” incluído no livro A TV dos Jornalistas" coordenado pela investigadora da Universidade do Minho Felisbela Lopes, a docente Carla Baptista mostra que “a extrema marginalização das mulheres no espaço de comentário televisivo é comum a todos os canais e não apresenta variações significativas. O cenário é particularmente preocupante nos canais de sinal aberto, onde o debate e opinião sobre a actualidade informativa é excessivamente masculino. Durante os dez meses de programação analisados, a RTP1 convidou 22 mulheres, seguida pela TVI com nove, enquanto a SIC chamou ao estúdio apenas quatro convidadas. Mas não se aplauda de imediato esta atenção da RTP ao universo feminino: ao convidar, durante esse período 139 homens, a estação pública “aplicou uma enorme desproporção de critérios que seguramente a afastam do imperativo legal e ético de contribuir para uma representação diversificada, plural e inclusiva” do público, afirma Carla Baptista. Se nos canais generalistas a presença de mulheres é uma “verdadeira aparição”, ironiza a docente, nos canais noticiosos do cabo a voz feminina vai-se fazendo ouvir um pouco melhor. Mas mais pelo número do que pela proporção. A TVI24 lidera a lista, com 159 mulheres convidadas (foram 508 homens), seguida pela RTPN com 108 (655 homens) e SIC Notícias 44 (445 homens). Sendo o comentário um “espaço central da lógica de programação” dos canais noticiosos, a maior presença das mulheres nestas emissões deriva apenas a “uma lógica interna de programação televisiva e não de qualquer desejo de tornar os perfis dos convidados em estúdio mais coincidentes com a diversidade da sociedade portuguesa”, conclui Carla Baptista.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens mulheres feminina