Novo Presidente da Tunísia é um opositor histórico de Ben Ali
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DATA: 2011-12-13
SUMÁRIO: A Tunísia tem um novo Presidente. Moncef Marzouki prestou hoje juramento, quase um ano depois do início da revolta que levou ao derrube do ditador Zine Abidine Ben Ali.
TEXTO: Com a mão sobre o Corão, Marzouki, médico e opositor histórico de Ben Ali, que viveu dez anos exilado em França, prestou juramento perante os 217 membros da Assembleia Constituinte e os mais altos representantes do Estado. A posse de Marzouki acontece a poucos dias de se completar um ano após o episódio que deu origem à revolta contra Ben Ali – a imolação, a 17 Dezembro de 2010, de um jovem vendedor ambulante em Sidi Bouzid. “Serei o garante dos interesses nacionais, do Estado, das leis e das instituições, e serei fiel aos mártires e aos objectivos da Revolução”, declarou, segundo a AFP, Mazourki, 66 anos. O novo chefe de Estado, dirigente do Congresso para a República, partido da esquerda nacionalista, aliado dos islamistas do Ennahda, prometeu ser o “Presidente de todos os tunisinos” e “não poupar esforços” para melhorar a vida dos compatriotas. “A nossa missão é promover a nossa identidade árabo-muçulmana e estar abertos ao exterior; proteger os véus e as raparigas que usam niqab, bem como as que não usam véus”, disse. Emocionado, Marzouki prestou em seguida homenagem aos “mártires da Revolução” que levou ao derrube de Ben Ali. “Sem o sacrifício deles, eu não estaria neste lugar”, disse, de lágrimas nos olhos, antes de apelar à oração “pelos povos sírio e iemenita”. “O principal desafio é cumprir os objectivos da Revolução. Outras nações olham para nós como um laboratório da democracia”, afirmou também. O novo Presidente apelou igualmente à “reconciliação” na Tunísia e lançou um apelo à oposição para que “participe na vida política do país e não se contente com o papel de observador”. Eleito ontem pela Assembleia, Marzouki é descrito pela AFP como subtil e tacticista. Tem fama de intransigente e talento de orador. Escolhido pelos deputados na sequência do escrutínio de 23 de Outubro - o primeiro acto eleitoral livre na história do país - Mazourki recebeu 153 votos a favor, três contra, duas abstenções e 44 votos brancos. Os votos brancos foram da oposição, que entende que a função presidencial não tem poder. O novo Presidente substitui no cargo Fouad Mebazza, que assumiu a função após a queda de Ben Ali, a 14 de Janeiro. Vai designar amanhã para o cargo de chefe do Governo o número dois do partido Ennahda, Hamadi Jebali. Os cargos no próximo Governo serão maioritariamente ocupados por islamistas do Ennahda, mas o executivo deverá ser integrado também por membros dos partidos de esquerda seus parceiros, o Congresso para a República e o Ettakatol – que, segundo a Reuters, deverá indicar o ministro das Finanças – e por independentes. Atingida pela crise económica e social, a Tunísia vive uma situação complexa. Em 2011 teve um crescimento nulo e uma taxa de desemprego que vai ultrapassar os 18 por cento, segundo as últimas previsões do banco central.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE