Coreia do Norte: Vai continuar a dinastia Kim?
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-12-19
SUMÁRIO: Kim Jong-il já morreu; Kim Jong-il está a recuperar de uma cirurgia; Kim Jong-il já lava os dentes sozinho; Kim Jong-il não conseguirá recuperar tão cedo; Kim Jong-il não está em condições de governar; Kim Jong-il pode tomar algumas decisões governativas; Kim Jong-il foi substituído por duplos.
TEXTO: A opacidade do regime norte-coreano leva a situações como esta. O líder não aparece numa parada militar e uma onda de rumores e suspeitas logo se levanta. Para além das especulações sobre o seu estado de saúde - todos os indícios apontam para um acidente vascular cerebral, em Agosto, que o levou a ser operado por uma equipa de médicos chineses -, as atenções viram-se também para os cenários possíveis sobre quem poderá suceder a Kim no dia em que ele deixar de governar a Coreia do Norte. E aqui, novamente, as versões não são nem mais conclusivas, nem menos numerosas. Há que saber ler nas entrelinhas. E, no que respeita ao regime norte-coreano, os observadores têm pano para mangas. Ao contrário do que aconteceu com Kim Jong-il, desta vez não há sinais evidentes de uma nomeação. O jornalista Bradley K. Martin levou dez anos para preparar um extenso livro intitulado "Under the Loving Care of the Fatherly Leader - North Korea and the Kim Dinasty". Falou com desertores, teve acesso aos arquivos russo e chinês. Como muitos analistas, parece acreditar que na cabeça de Kim Jong-il o poder ficará na família. A passagem de testemunho de pai para filho e talvez para neto foi "legitimada" por Kim Il-sung, pai de Jong-il e "Presidente Eterno" do país. Consta que terá dito que "a vitória final da revolução coreana seria conquistada pelo filho, se ele próprio não o tivesse feito, ou por um neto, se o filho também não tivesse conseguido". K. Martin refere que Kim Il-sung usou o fervor cristão da infância e princípio da adolescência (até tocava órgão na missa) para formar o seu quadro mental de idolatria. Soube impor a sua imagem na vida de cada norte-coreano. Não era só a sua fotografia nos edifícios públicos ou em casa; tornou-se frequente para cada cidadão andar com um crachá com a sua cara ao peito. Não admira por isso que a passagem do poder fosse feita directamente de pai para filho. E também este se espalhou de forma omnipresente de norte a sul do país, nos campos e nas cidades, entre as crianças ou os mais velhos. Para alimentar este culto da personalidade desmesurado, foi preciso manter um véu opaco e denso sobre o regime. Antes, como agora, os rumores circulavam. Quando no final dos anos 1970 Kim Jong-il desapareceu do público, afirmou-se que teria morrido, ou estava um "vegetal" devido a um acidente de carro. Em 1979 soube-se que afinal estava de perfeita saúde e era já referido em código como "Centro Glorioso do Partido". Uma das teorias é a de que este período de anonimato deu tempo para afastar os que criticavam a sucessão do poder de pai para filho. A preparação de Jong-il para herdar as rédeas do regime começara a ser feita em 1971: a partir daí, Kim Jong-il foi assumindo posições cada vez mais importantes na hierarquia. "Foi pouco depois de fazer 60 anos [1972] que Kim Il-sung deu a conhecer a escolha de Kim Jong-il aos mais próximos. " A data não é indiferente: os 60 anos são um marco importante na cultura coreana. O presente de Jong-il para o pai foi a criação do Instituto de Saúde e Longevidade Kim Il-sung. Em 1980, Jong-il era oficialmente designado sucessor; em 1991 começou a ter algum poder, através do controlo das Forças Armadas (apesar de nunca ter tido experiência militar) e em 1994, com a morte de Kim Il-sung, torna-se o "Querido Líder". Os filhos. . . e a filhaNão se sabia muito sobre ele antes; sabe-se pouco agora do homem que supostamente pode atacar os EUA e o Japão com uma bomba nuclear - e esta é uma das razões por que é importante tentar desvendar quem pode estar mais ou menos prestes a assumir o cargo. Desde há vários anos que os observadores procuram os sinais da sucessão. A tarefa é ingrata. Kim Jong-il terá casado três vezes, mas antes disso teve um filho com uma actriz, Song Hyerim.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA