Família deportada já chegou aos Açores após viagem “difícil”
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento -0.5
DATA: 2011-12-30
SUMÁRIO: A família de dez portugueses deportada pelas autoridades canadianas chegou às 7h45 (hora local, 8h45 em Lisboa) desta sexta-feira a Ponta Delgada, nos Açores, pedindo que seja preservada a imagem das crianças, depois de uma viagem “difícil”.
TEXTO: De acordo com um assessor do presidente do Governo Regional dos Açores, presente no aeroporto açoriano, as dez pessoas em causa foram as últimas a abandonar o avião da Sata – a família pediu ao governo regional para que fosse salvaguardada a imagem dos menores. A família Sebastião é constituída por Paulo e Maria Irene (de 46 anos e 44 anos, respectivamente), os quatro filhos (Marília, de 27 anos, Vanessa, 23, Paulo Júnior, 19, e Beatriz, 13) e os quatro netos – todos com menos de cinco anos de idade e que já nasceram no Canadá. Paulo Sebastião reconheceu que a viagem de regresso a Portugal “foi difícil”. No aeroporto, entre os que aguardavam a família, estavam os pais de Maria Irene. “Meter os papéis” para o regressoEm declarações aos jornalistas no aeroporto de Ponta Delgada, Paulo Sebastião garantiu, no entanto, que nos primeiros dias de 2012 vai “meter os papéis” para voltar ao Canadá, onde estabeleceu a sua vida nos últimos dez anos. Sobre o que será a sua vida nos Açores, Paulo Sebastião mostrou-se confiante na ajuda que o governo regional prometeu, nomeadamente em temos de alojamento e de emprego para si e para os seus familiares. Na chegada a Portugal, Paulo Sebastião queixou-se de ter sido “enganado” pelos advogados que o assistiram no processo de legalização no Canadá, que terá custado, segundo o próprio, cerca de “30 mil dólares” (mais de 23 mil euros). Esta família que vivia no Canadá teve ordem de deportação para Portugal depois de ter visto recusado o pedido de permanência pela imigração canadiana. Esperança até ao último minutoAté ao derradeiro minuto, mesmo quando já tinham embarcado, todos aguardavam uma decisão de Otava que permitisse à família descer do avião, o que não aconteceu. Horas antes da partida, o advogado Tony Dutra recebeu uma resposta do gabinete do primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, relativamente ao pedido urgente em que solicitava a suspensão da ordem de deportação, para a situação da família poder ser reavaliada. “Apesar de o primeiro-ministro compreender as circunstâncias que o motivam a escrever, há restrições ao envolvimento de membros do Governo – incluindo o primeiro-ministro – em casos como o que acaba de descrever”, justificou a Tony Dutra um responsável do gabinete de Stephen Harper, num email a que a Lusa teve acesso. “Livre de interferência política”“Estas limitações existem com vista a assegurar a todos os candidatos que a decisão num processo de imigração e refúgio é independente e livre de interferência política”, acrescentou, adiantando ter enviado o correio electrónico para o ministro canadiano da Imigração. Por seu turno, uma adjunta do ministro federal da Segurança Pública, Vic Toews, em Otava, solicitou a Tony Dutra dados sobre a decisão de deportação referente à família, pedindo-lhe ainda que efectuasse um novo pedido de suspensão daquela ordem, o que fez. Mas não teve mais contactos. Também, nesta quinta-feira, em Otava, uma responsável do Ministério da Cidadania e Imigração do Canadá – pasta que tutela o processo de imigração –, confirmou à Lusa a recepção da carta enviada pelo Governo português, em que solicitava um “acto de clemência” para a família portuguesa. Resposta ao Governo português a “curto prazo”“Essa missiva do Governo português [dirigida ao ministro Kenney] foi recebida ontem e uma resposta será enviada no curto prazo”, declarou à Lusa Nancy Caron, do gabinete do titular da pasta da Imigração. O secretário de Estado português das Comunidades, José Cesário, revelou nesta quarta-feira à Lusa ter enviado duas cartas na segunda-feira aos ministros da Cidadania e Imigração e da Segurança Pública (administração interna) do Canadá, nas quais o Executivo português pedia um “acto de clemência” para aquela família.
REFERÊNCIAS:
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