Hospitais da Universidade de Coimbra vão remover implantes mamários franceses
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-01-05
SUMÁRIO: Direcção-Geral da Saúde pondera fazer uma recomendação para retirada das próteses com silicone industrial. A decisão será tomada hoje.
TEXTO: Os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) decidiram avançar com a remoção dos implantes mamários de silicone do fabricante Poly Implant Prothese (PIP), na sequência da polémica sobre os riscos de ruptura e outras complicações detectadas nestas próteses. A decisão foi confirmada pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), que adiantou que ainda não terá sido removida nenhuma prótese nesta unidade. As autoridades de saúde portuguesas não afastam a hipótese de fazer uma recomendação geral para a retirada destes implantes mamários, mas vão esperar pelos resultados da reunião do Comité de Segurança da União Europeia, que decorre hoje em França, para tomar uma decisão. "Não é uma situação de emergência, por isso vamos aguardar por mais dados para tomarmos uma decisão sobre uma eventual recomendação para a retirada dos implantes", sublinha Isabel Marinho Falcão, responsável da DGS, admitindo que "essa hipótese está a ser ponderada". Para já, apenas é do conhecimento da DGS a decisão tomada pelos HUC que terão informado as suas pacientes sobre a disponibilidade para remover as próteses. "Ainda não foi feita nenhuma remoção nos HUC. Estão a vigiar as situações e vão intervir se necessário", acrescentou Isabel Marinho Falcão. Segundo o comunicado da DGS de 21 de Dezembro de 2011, estima-se que entre 1500 e 2000 portuguesas tenham estas próteses. Os implantes foram retirados do mercado nacional em Março de 2010 devido a um elevado risco de ruptura, sendo que muitas das mulheres que os receberam foram alvo de uma reconstrução mamária após terem sofrido uma mastectomia por causa de um cancro. Em Dezembro, o Infarmed adiantou que a decisão de uma eventual remoção dos implantes será sempre clínica, acrescentando que não foram ainda reportadas situações adversas em Portugal envolvendo o PIP. Em nome da prevenção e sem encontrar razões para alarme, a DGS e o presidente do Colégio de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva da OM, Vítor Fernandes, aconselharam as portadoras de um implante mamário PIP a dirigir-se ao seu cirurgião para um exame de vigilância. No passado dia 23 de Dezembro, o ministro francês da Saúde, Xavier Bertrand, recomendou, "a título preventivo e sem carácter de urgência", que as 30 mil mulheres francesas que têm implantes mamários da marca PIP os removam, mesmo que estes não apresentem qualquer sinal de deterioração. A medida implicava uma comparticipação que abrangia apenas os implantes que tivessem sido colocado por motivos de saúde e não apenas por razões estéticas (como aumentos mamários). As estimativas apontam para um custo de 60 milhões de euros ao Estado francês. A empresa que produzia as próteses em França, encerrada em Março de 2010, vendia estes implantes a preços substancialmente mais baixos e exportava para cerca de 65 países. Na altura da retirada do produto do mercado sabia-se que o gel usado para o enchimento destas próteses não era adequado para uso médico e que representavam um maior risco de ruptura. A polémica estalou de novo recentemente em França quando se começou a falar de uma alegada associação entre estes implantes e casos de cancro, ainda que esta ligação não tenha sido provada até hoje. No final do mês passado a Agência dos Produtos de Saúde Francesa anunciou que havia 20 casos de cancro em mulheres com próteses da marca PIP, sendo que terão sido registadas oito mortes. Em todo o mundo, estima-se que existam cerca de 300 mil mulheres com implantes da marca PIP. A França foi o primeiro e o único país, até ao momento, que garantiu a comparticipação da remoção dos implantes que tenham sido colocados por indicação médica. No entanto, muitos outros países acompanham atentamente esta situação. O Reino Unido anunciou a abertura de um inquérito. O Governo espanhol também encomendou um estudo urgente sobre as próteses mamárias francesas.
REFERÊNCIAS: