Soares dos Santos diz que não saber se Portugal fica no euro pesou na mudança
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DATA: 2012-01-07
SUMÁRIO: O presidente da Jerónimo Martins (JM), Alexandre Soares dos Santos, afirmou não saber se Portugal fica no euro e garantiu que a transferência do accionista maioritário da empresa para a Holanda teve em conta essa hipótese, insistindo que tem direito a “defender” o seu “património.
TEXTO: “Verificámos que a Holanda é o país que melhores garantias oferece à iniciativa privada muito por causa dos acordos que tem com outros países (. . . ), mas também na protecção do investimento”, explicou Soares dos Santos numa entrevista dada ao semanário Expresso, em que lamentou ter verificado que estava “no meio de uma guerra política” e disse não saber se “Portugal fica no euro”. “E se sair é para o escudo. Tenho direito a de defender o meu património”, avançou. Na entrevista em que aborda diversos assuntos polémicos, em particular o da transferência para a Holanda da empresa da família de Soares dos Santos, que tem 56% da JM, o presidente de um dos maiores grupos de distribuição português justificou que a decisão não teve a ver com os impostos elevados que se pagam em Portugal, embora tenha reconhecido que há vantagens fiscais no futuro. “A transferência (. . . ) não teve nada a ver com impostos. Não sei se vou pagar mais ou menos impostos. Houve uma revolução em 1974 mas no parlamento continua a insultar-se a iniciativa privada”, salientou. Segundo Soares dos Santos, “os diferentes Governos de Portugal nunca apoiaram a iniciativa privada e nunca tentaram cativar as holdings” e, por outro lado, realçou que “a banca está simplesmente incapaz de nos ajudar”. “Desde 2008 que sabemos que não podemos contar com a banca portuguesa para financiamento [de investimentos]”, sublinhou. O empresário explicou ainda ao Expresso que haverá vantagens fiscais “no futuro” nesta transferência para a Holanda e admitiu que o planeamento fiscal “é um direito legítimo de uma sociedade”. “A maior parte dos nossos impostos é fruto da má gestão de quem tem a responsabilidade de gerir o dinheiro dos contribuintes. O planeamento fiscal é um dos factores, os outros são o ambiente que nos recebe, as garantias que esse investimento tem e que Portugal não oferece”, lamentou. Soares dos Santos referiu ainda que “Portugal deveria ter pedido ajuda [externa] entre 2007 e 2008”, falou da ausência de uma legislação “constante, coerente e consistente” que diga ao investidores: “Vem és bem recebido, és bem tratado”, e questionou o facto de ter de pagar “tanto à [eléctrica] EDP, que ainda por cima é um monopólio”. Sobre a entrada do capital chinês na EDP disse: “Não conheço como gerem as empresas, não é uma economia de mercado, não sei a qualidade da gestão”. O empresário alertou ainda para que em Portugal “há um poder instalado que é contra tudo e que liquida tudo” e disse “não perceber porque é que os partidos políticos, empresários e os sindicatos, sob a égide do Presidente da República, não se sentam para procurar uma solução em conjunto”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra ajuda chinês