Cientistas defendem que o declínio do cérebro afinal começa aos 45 anos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-01-07
SUMÁRIO: Estudo avaliou três vezes as capacidades cognitivas de mais de sete mil funcionários públicos num período dez anos, concluindo que, afinal, a deterioração não começa aos 60 anos.
TEXTO: Para todos os "mais jovens" que frequentemente se esquecem do nome de alguém ou de um número que antes ditavam de cor e sem esforço era difícil acreditar que o declínio do cérebro só começava aos 60 anos. Uma equipa de cientistas liderada por Archana Singh-Manoux, do Centro de Investigação de Epidemiologia e Saúde Populacional em França e do University College London, no Reino Unido, publicou um artigo no British Medical Journal (BMJ) que fortalece esta suspeita, antecipando o princípio da deterioração das nossas capacidades cognitivas para os 45 anos. Durante um período de dez anos, entre 1997 e 2007, 5, 2 mil homens e 2, 2 mil mulheres entre os 45 e os 70 anos foram submetidos três vezes a vários tipos de testes. Entre outros desafios às capacidades cognitivas e à memória, o desempenho dos participantes, todos funcionários públicos no Reino Unido, foi avaliado com problemas matemáticos e verbais e um teste de vocabulário. A verdade é que os investigadores concluíram que os cérebros de alguns dos participantes mais jovens - ou seja, aos 45 anos - já revelavam sinais de declínio. Homens mais afectadosNo prazo de uma década, os participantes com idades entre os 45 e 49 anos sofreram um declínio no raciocínio na ordem dos 3, 6%. Em idades mais avançadas, a diferença de género é mais clara com os homens entre os 65 e os 70 anos e mostrar uma perda de capacidades de 9, 6% e as mulheres da mesma idade com um resultado de 7, 4%. "Todos os resultados sobre as capacidades cognitivas, excepto o vocabulário, revelaram um declínio nas cinco categorias etárias (45-49, 50-54, 55-59, 60-64 e 65-70), com um evidente declínio mais rápido nos mais velhos", refere o artigo que conclui de forma clara: "O declínio cognitivo é já evidente na meia-idade (entre os 45 e 49 anos)". Mais do que assinalar um triste marco nas nossas vidas, os resultados deste estudo podem vir a contribuir para as investigações relacionadas com diversas formas de demências, como a Doença de Alzheimer. Se os nossos cérebros se deteriorarem mais rápido podemos estar perante um maior risco de desenvolvermos uma demência quando formos mais velhos. E aqui surge a incontornável questão da prevenção. No artigo do BMJ, os investigadores deixam algumas indicações sobre as possíveis formas de preservar os nossos cérebros. Assim, a adopção de um estilo de vida saudável e a diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares (obesidade, hipertensão, níveis elevados de colesterol, entre outros) poderá ter um efeito benéfico. Coração e cérebro"Estar mais consciente do facto de que a nossa função cognitiva pode ser afectada antes de uma idade avançada pode fazer com que as pessoas façam mudanças no seu estilo de vida e melhorem a sua saúde cardiovascular, para reduzir o risco de um mau resultado cognitivo na velhice", refere a investigadora Sing-Manoux no artigo da BMJ, acrescentando ainda uma espécie de slogan à divulgação internacional desta notícia: "O que é bom para o coração é bom para o cérebro". Entre os vários especialistas que comentaram os resultados deste estudo, sublinha-se a ressalva feita por investigadores que se dedicam à doença de Alzheimer e que, reconhecendo a importância destas conclusões para futuras pesquisas, notam que os resultados obtidos não significam que estas pessoas venham a sofrer de uma demência. Até porque as alterações cognitivas associadas ao envelhecimento são diferentes das mudanças que se verificam no nosso cérebro quando sofremos de Alzheimer.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens doença género estudo espécie mulheres