Ghob, rei dos gnomos ou carniceiro de Carqueja?
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-01-09
SUMÁRIO: Francisco Leitão, o sucateiro de Carqueja, Lourinhã, que é suspeito de ter assassinado quatro pessoas e que diz ser Ghob, o rei dos gnomos, começa a ser julgado na segunda-feira no tribunal de Torres Vedras. Preso desde Junho do ano passado, nunca colaborou com a polícia, que ainda hoje desconhece qual o destino dado aos quatro corpos. Um júri de oito pessoas irá ditar a sorte daquele que já é apontado como um dos mais frios homicidas portugueses.
TEXTO: Tem 43 anos, é divorciado e carrega sobre os ombros a acusação de quatro mortes. Três delas, entre 2008 e 2010, aparentemente motivadas pelos ciúmes. Também em 1995 foi indiciado por outro homicídio, o de um outro sucateiro que um dia conheceu em Peniche. Na zona Oeste, fértil em desaparecimentos de pessoas, muitos temem que o número de mortes atribuídas a Ghob seja bem superior ao conhecido. Nos postos locais da GNR caíram, desde que Leitão foi detido, várias suspeitas. Até hoje mais nenhuma se confirmou. Dele dizem os peritos médicos que se trata de alguém com características “histeriformes, narcísicas, anti-sociais”. Dizem também que tem um “comportamento de manifesta frieza e distanciamento afectivo, reflectindo reserva e facetas de introversão, desconfiança, egocentrismo, sugestionabilidade, dificuldades em lidar com estímulos emocionais, instabilidade emocional, tendência à auto-desculpabilização, baixo limiar de tolerância e situações frustrantes e dificuldade no controlo dos impulsos”. “A sua interacção com os outros é marcada por sedução, ou provocação, ou mesmo desconforto em não ser o centro das atenções”. Terá sido essa necessidade de se tornar no centro de todas as atenções que o levou a transformar um velho barracão agrícola herdado por morte dos pais numa espécie de castelo grotesco, enfeitado com lanças e outras armas medievais, salpicado de imagens de gnomos, de anões e anjos. Uma fortaleza que quis que fosse inexpugnável, protegendo-a com um razoável sistema de vídeo e onde não falta sequer uma espécie de masmorra: um quarto subterrâneo, cuja entrada (uma escadaria estreita com alguns metros de comprimento) esteve escondida dos olhares, tapada com sucata. Foi na masmorra que cometeu os crimes? Ninguém sabe, mas a Unidade Nacional Contra o Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária garante que foi naquela casa acastelada que nasceram os ciúmes que haveriam de conduzir à morte de duas raparigas e um rapaz. Era naquele local que Francisco Leitão, já depois de a mulher se ter divorciado e partido para França, se dedicava ao amor com alguns companheiros já identificados, que fazia vídeos e soltava desconchavadas profecias. Ele, Ghob, o rei dos gnomos, o homem que dizia ser uma divindade suméria, que voava pelo espaço e dançava sobre as campas do cemitério do lugar de Bufarda, dizia que o mundo acabava este ano. O namoro mortal de Ivo e TâniaFrancisco Leitão conheceu Ivo Delgado no final de 2001. Ivo tinha então 16 anos e até essa data vivera sempre com os seus pais. Depois de conhecer o sucateiro e depois deste o ter convidado para trabalharem juntos, mudou-se de armas e bagagens para o castelo de Carqueja. Diz a acusação que Ghob e Ivo mantiveram um romance até 2007. “O relacionamento entre ambos veio, entretanto, a evoluir para uma relação de natureza íntima e sexual, acabando os mesmos por coabitarem, em união de facto, na residência do arguido”. No final desse ano tudo haveria de se alterar. Ivo começou a relacionar-se com Tânia Ramos, também ela uma das visitas habituais da casa do sucateiro. Começaram a namorar. Muitas vezes dormiam no castelo, paredes-meias com o quarto de Francisco. O ciúme cresceu à medida que aumentou o despeito e Ghob, que supostamente não tolerava ser passado para um plano secundário, entendeu que para reconquistar o namorado teria de matar Tânia. A morte da jovem, que então já tinha uma filha de nove anos, terá ocorrido a 5 ou 6 de Junho de 2008. Como? Onde? Ninguém sabe. O texto da acusação diz apenas que “a hora, em local e de modo não apurados, o arguido molestou corporalmente a ofendida Tânia Ramos, causando-lhe a morte e, de seguida, apropriou-se do telemóvel”.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR