Como cortejar o voto latino com um pouco de español
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento -0.09
DATA: 2012-01-31
SUMÁRIO: Newt Gingrich pode ter conquistado a Carolina do Sul há uma semana mas não tem um filho que fala espanhol. Domingo à tarde, num encontro com eleitores hispânicos em Hialeah, um enclave cubano a 15 minutos de Miami, Mitt Romney pediu ao seu filho mais novo para dizer umas palavras. "Mi papá no habla español. Pero habla el idioma de la economía y de la prosperidad", disse Craig Romney, que foi missionário da Igreja Mórmon no Chile, onde aprendeu a falar espanhol.
TEXTO: Durante meses, os candidatos republicanos às presidenciais americanas têm mantido uma retórica musculada em relação à imigração – quem quer que tenha assistido aos debates televisivos, ouviu propostas como electrificar a fronteira com o México e expulsar 11 milhões de imigrantes ilegais. Mas, assim que chega a vez das primárias na Florida, um dos maiores estados americanos, os candidatos começam subitamente a falar espanhol - ou têm alguém que o faça por eles. E, aparentemente, resulta. "Fiquei impressionada com o filho de Romney. Ouviu-o a falar espanhol?", pergunta Terri Falero, de 60 anos, uma exilada que deixou Cuba em 1961 – "um ano depois de Fidel chegar ao poder", como faz questão de dizer. Os candidatos tendem a suavizar um pouco o tom na Florida ou a evitar o tema, mas há uma razão por que a dureza das suas posições em relação à imigração não desencoraja necessariamente o voto hispânico neste estado: cubanos e porto-riquenhos são os dois maiores grupos latinos na Florida, e nenhum deles tem problemas de imigração. Qualquer cubano é reconhecido como um exilado político nos Estados Unidos e é-lhe automaticamente concedido o direito de residência. Os porto-riquenhos são cidadãos americanos. A imigração ilegal é vista aqui como um problema que afecta mexicanos, que são uma pequena minoria na Florida. "Acho que só Deus poderá arranjar uma solução para a imigração", diz Terri Falero. É uma forma de pôr uma pedra sobre o assunto. Como cortejar, então, o voto latino na Florida? Regra número um: atacar Fidel Castro. Em Hialeah, onde mais de 90 por cento da população é de origem cubana, Mitt Romney descreveu o líder cubano como fundamentally evil, a personificação do mal. - "Buuuuuuuuuuuu", reagiu a multidão, num coro pavloviano. Romney também sugeriu que o Presidente Obama tem sido benevolente para com "os piores actores do mundo, como Castro, Chavez, Ahmadinejad e Kim Jong-un". - "Buuuuuuuuuuuu. "Um dos anúncios de Newt Gingrich na Florida, narrado em espanhol, proclama que "os Estados Unidos estão a ficar parecidos" com o regime cubano. A economia como negócioTradicionalmente, a comunidade cubana na Florida é maioritariamente republicana. O regime socialista em Cuba fê-los desconfiar irremediavelmente da esquerda, seja qual for a sua forma. "A dita esquerda não nos está no sangue", resume Terri. Obama facilitou o envio de remessas para Cuba, permitindo que exilados possam ajudar os seus familiares na ilha, e criou maiores oportunidades de viagem entre os Estados Unidos e Cuba, mas isso não é necessariamente popular entre o público que assistia ao comício de Romney há dois dias. "Isso só beneficia e perpetua o Governo cubano", criticava Ana Marín, dona do restaurante Casa Marín, onde Romney trinchou um leitão assado e conviveu com a clientela cubana. Alguns mal falavam inglês, como René Espinosa. "Ele não é perfeito. Mas, de momento, é o melhor", diz. E Obama? "O fato é demasiado grande para ele. " Romney, o homem de negócios, não apareceu de fato em Hialeah, mas de mangas arregaçadas. Ou seja: um homem do povo. Mas o populismo anticastrista não é um exclusivo de Romney. Gingrich sugeriu num debate na Florida que Fidel irá para o inferno quando morrer (o público aplaudiu prontamente). E, falando na Florida International University, disse que gostaria de ver uma "Primavera Cubana". Mas o perfil de Romney como homem de negócios parece dar-lhe alguma vantagem num estado onde os níveis económicos estão abaixo da média nacional e o desemprego é mais alto entre a população hispânica. "O que gosto mais em Romney é que é uma pessoa que fez a sua fortuna à custa do seu trabalho", diz Diosdado Marín, marido de Ana. "Da maneira que está a economia, precisamos de um economista e não de um dialogueiro. " Um dialogueiro? Obama.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração filho homem comunidade minoria desemprego ilegal