Pedro Rosa Mendes confirma que foi crónica sobre Angola que ditou fim do seu programa
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-02-01
SUMÁRIO: O jornalista Pedro Rosa Mendes, cujo espaço de opinião na Antena 1 foi suspenso na semana passada, confirmou no Parlamento Europeu que foi a sua crónica em tom crítico a um programa da RTP filmado em Angola a “causa directa da suspensão” do seu programa.
TEXTO: Durante a sua intervenção no Parlamento Europeu nesta quarta-feira a convite do eurodeputado português Rui Tavares (Verdes Europeus), o escritor e jornalista Pedro Rosa Mendes afirmou categoricamente: "Luís Marinho [director-geral da RTP] - num momento de honestidade infeliz - admitiu que não tinha gostado nada da minha crónica e que ela ia acabar. O director adjunto da RDP, Ricardo Alexandre, confirmou isso mesmo, ontem, na ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social). Ou seja, não era eu que estava a mentir". Entretanto soube-se ao final da manhã de hoje - uma semana depois de este caso ter sido tornado público - que Ricardo Alexandre irá deixar as manhãs informativas da Antena 1. Foi o próprio jornalista que anunciou esta sua decisão ao Conselho de Redacção da mesma rádio. Questionado pelo PÚBLICO sobre esta novidade, Pedro Rosa Mendes comentou que é “interessante” este desenvolvimento da história, até porque Ricardo Alexandre “confirmou em sede de entidade reguladora” aquilo que ele próprio “tem relatado”, ou seja, que há uma ligação directa entre a crónica sobre Angola e o fim do programa “Este Tempo”. “Veremos agora se há condições para o Ricardo Alexandre - que é um excelente jornalista e um jornalista independente - continuar como director-adjunto de informação com um patrão que obviamente não tem coragem de assumir em público os valores pelos quais se deveria pautar o seu cargo de director-geral”, disse Pedro Rosa Mendes referindo-se a Luís Marinho. Sobre o fim do programa “Este Tempo” - que era assegurado por cinco pessoas: Pedro Rosa Mendes, António Granado, Raquel Freire, Gonçalo Cadilhe e Rita Matos - o jornalista português disse claramente que se tratou de uma manobra de “censura” que “silenciou” cinco cronistas. “O espaço existia há dois anos [com contratos renovados a cada seis meses e sem fim anunciado] e, de repente, cinco cronistas foram silenciados. Para além de isto ser uma violação da legislação portuguesa, é uma violação da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, nomeadamente do artigo 11. º sobre a Liberdade de Expressão e de Informação”. “Há uma tutela política directamente responsável por isto e há agentes democráticos ao serviço de um país que tem petróleo”, disse Pedro Rosa Mendes. Ainda durante a sessão, o jornalista português não voltou a poupar críticas ao programa “Reencontro” emitido pela RTP1. “Aquele programa chocou-me como espectador e como contribuinte”, disse Pedro Rosa Mendes, recordando que o regime angolano é “um regime político que ainda não é uma democracia” e ao qual falta “credibilidade”. Frontal, o jornalista assumiu: “Angola é um dos países mais corruptos do mundo e José Eduardo dos Santos é um dos líderes africanos há mais tempo no poder”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos humanos social violação