Conselho sírio diz que veto da Rússia e China representa "licença para matar"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-02-06
SUMÁRIO: Depois do veto à resolução da ONU que exigia o fim da violência na Síria, várias vozes continuavam neste domingo a criticar a posição de Moscovo e Pequim. Aumentam os pedidos de retaliação contra Damasco, Moscovo e Pequim.
TEXTO: Em reacção à decisão da Rússia e da China, o conselho de segurança sírio já veio culpar os dois países pelas eventuais “escaldadas de actos de massacre e genocídio”. Este organismo que representa o maior grupo de oposição ao regime sírio de Assad, apelidou mesmo o veto russo e chinês como um “passo irresponsável” que equivale “a uma licença para matar com impunidade". O veto coincide com um dos dias mais sangrentos desde Março de 2011, altura em que começaram os protestos no país. Bombardeamentos na noite de sexta-feira para sábado terão feito pelo menos 250 mortos entre civis. O primeiro-ministro tunisino, Hamadi Jebali, pediu a todos os países para expulsar os diplomatas sírios como forma de protesto contra a repressão sangrenta, depois de já ter afastado o diplomata sírio na Tunísia. Por sua vez, a Irmandade Muçulmana da Jordânia apelou a um boicote dos produtos russos e chineses nos países árabes. “O veto da Rússia e da China neste sábado ao projecto de resolução do Conselho de Segurança constitui uma participação destes dois países no derramamento de sangue na Síria”, disse o chefe da confraria, Hammam Saïd. “Pedimos o boicote dos produtos russos e chineses nos países árabes e muçulmanos solidários com o povo sírio, que luta pela sua liberdade”, disse numa declaração pública no site oficial da Irmandade, citado pela AFP. O ministro português dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, sublinhou depois do veto que “todos os países europeus, africanos, asiáticos e os Estados Unidos votaram favoravelmente” a resolução. Para o diplomata, isso representa “um consenso muito alargado”, disse à TSF. Para Portas, não fazer nada é “condenar o povo sírio a um autêntico massacre”. O ministro defende que “mais dia, menos dia, a comunidade internacional vai ter de fazer alguma coisa sobre a Síria”, porque “todos os dias o massacre continua”. Na véspera, a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Susan Rice declarou-se “enojada” pelo veto e disse que “qualquer continuação da sangria [na Síria] vai estar nas vossas mãos”, referindo-se à China e Rússia. Desde que, em Março do ano passado, grupos de cidadãos sírios se revoltaram contra o regime de Assad contagiados pela Primavera Árabe que decorria em vários países muçulmanos do Norte de África, que já morreram 5400 pessoas no país (estimativas da ONU) e cerca de 7500 sírios já fugiram para a Turquia, na consequência de contínuos embates entre as forças do regime de Bashar al-Assad e a população revoltosa. A mais recente tragédia aconteceu em Homs, a segunda cidade da Síria e a capital anti-regime do país. Na noite de sexta-feira para sábado morreram mais de 200 pessoas, depois de um ataque brutal do Exército que, segundo testemunhas, destruiu dezenas de casas, naquele que pode ter sido o mais violento episódio dos últimos meses vividos no país. Segundo a BBC, um dos principais grupos de activistas reviu o número em baixa, apontando para 55 mortos. “Qualquer Governo que brutaliza e massacra o seu povo não merece governar”, disse ontem o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Mesmo assim, a Rússia e a China repetiram a posição que tiveram em Outubro e pela segunda vez vetaram uma resolução da ONU contra o regime de Assad. Isto apesar de os diplomatas envolvidos na redacção do texto terem respondido a várias exigências da Rússia (retiraram a referência a uma transferência de poder, por exemplo). Moscovo criticou o facto de o documento manter uma oposição contra Assad mas não referir os oponentes que lutavam contra o Governo. “A não ser que [a condenação] funcione para ambos os lados, estão a tomar partido numa guerra civil”, disseram as autoridades russas, citadas pela Reuters. Já o embaixador chinês nas Nações Unidas referiu que pressionar o Governo sírio ou “impor uma solução” não iria ajudar a resolver o conflito.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU